Ana Cecília Soares/Arquivo pessoal |
“É incrível
conhecer alguém diferente da gente tão de perto. Eu sempre tive receio de lidar
com pessoas TEA (Transtorno do Espectro Autista) pelo que eu sempre ouvi, mas
de perto é algo completamente diferente e maravilhoso. Eu amo amar esse homem e
aprender sobre ele todos os dias”.
A fala é da
estudante Ana Cecília Soares, de 18 anos, que começou a namorar o também
estudante Vittor Guidoni Marianelli, de 19 anos, que tem TEA. Ao BHAZ, a jovem
contou quais são os desafios de namorar uma pessoa que tem autismo. Por outro
lado, Vittor também contou de suas dificuldades e o que fazer para manter um bom
relacionamento.
Os dois se
conheceram em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, onde estudam. O
primeiro contato foi pelo Twitter, quando Vittor ficou famoso ao postar uma
foto com uma camisa que dizia: “Sim, eu faço medicina. Mas por favor não me
chame de doutor, me chame de Vittinho do SUS”.
Amigos do Twitter, o proximo semestre vai vir com força pic.twitter.com/RQs4KzzzrP— vittinho do sus 🤠 (@VittorGuidoni) July 21, 2019
“Achei a
foto muito legal e comecei a conversar com ele pelo Twitter. Depois de algum
tempo viramos amigos e começamos a estudar juntos. Aí começamos a sair e com um
mês começamos a namorar. Já estamos juntos há três meses e tenho aprendido
muito com ele”, relata Ana Cecília ao BHAZ.
como é namorar uma pessoa no espectro autista (TEA)— Lana (cecilia) Banana (@cecyclonada) November 25, 2019
.
não é algo difícil mas tbm não é fácil, muita coisa é nova p mim, como por exemplo:
ele não entende ironia, sarcasmo, deboche etc
ele não entende quando eu to triste ou brava se eu não for muito direta
dramas não funcionam +
“Esses dias
eu estava estudando sobre ele um pouco. Ele é super atencioso aos detalhes. Às
vezes a gente está conversando e o assunto morre, mas depois ele consegue
voltar ao mesmo ponto, sem dificuldade alguma”, explica Ana Cecília.
ele é muito empático, ele brinca muito e se da bem com todas as pessoas ao redor, todo mundo que eu conheci elogia ele (a moça da pizza e o síndico por exemplo)— Lana (cecilia) Banana (@cecyclonada) November 25, 2019
minha família adora o jeito dele e por mais estranhos q eles sejam ele se da super bem com todo mundo
Ana Cecília
lembra de outros relacionamento e diz que esse é totalmente diferente. “Eu
sempre estava acostumada a ser o centro das atenções nas relações que eu tinha,
o que não é o caso agora. Eu nunca sei quando ele vai ter uma crise de
ansiedade, então preciso estar atenta. Outra diferença é que ele se importa
mais do que o normal. Ele se preocupa mais que todo mundo, tem uma necessidade
maior de estar perto que outras pessoas com que tenho relações sociais”,
explica.
f_src=twsrc%5Etfw">November 26, 2019ele chora na mesma facilidade que uma adolescente emotiva de tpm— Lana (cecilia) Banana (@cecyclonada)
(chorando pelo presente de natal q eu dei ele) pic.twitter.com/5fdiAA9ong
e eu q obriguei meu namroado a tirar foto com a maisinha pra ter os dois amores de minha vida numa foto pic.twitter.com/qJ2hKrezRb— Lana (cecilia) Banana (@cecyclonada) November 26, 2019
O outro lado
O estudante
de medicina Vittor Guidoni Marianelli tem 19 anos e é natural de Colatina, no
Espírito Santo. Ele só teve o seu diagnóstico de Síndrome de Aspergers, grau de
autismo considerado leve, neste ano.
Como dito
anteriormente, Vittor conheceu a namorada após fazer um post com a camisa
“Vittinho do SUS”. “Ela me mandou mensagem e começamos a conversar, mas
acabamos nos afastando depois de um tempo. Acho que, algumas semanas depois,
voltamos a conversar e dessa vez decidimos nos encontrar, e foi assim que
começou”, explica ao BHAZ.
e eu q obriguei meu namroado a tirar foto com a maisinha pra ter os dois amores de minha vida numa foto pic.twitter.com/qJ2hKrezRb— Lana (cecilia) Banana (@cecyclonada) November 26, 2019
Vittor relata que alguns percalços surgem durante o relacionamento. “Posso não entender algo que ela diz ou sente, o que gera algumas dificuldades, mas na maioria das vezes é normal. Com os anos, eu aprendi a lidar com as minhas dificuldades sem nem saber que tinha TEA, mas quando descobri, foi muito mais fácil de melhorar elas objetivamente, o que ajudou muito no relacionamento”, explica.
“Os maiores
desafios são entender emoções, expressões faciais e até sarcasmo. As vezes uma
brincadeira pode ser levada muito a sério e causar uma discussão, simplesmente
porque eu interpretei algo errado, mas nada que uma conversa não resolva”,
completa Vittor.
Pelo
Twitter, Vittor conta que descobriu o autismo recentemente. Ele promete falar
mais sobre o assunto em vídeos periódicos. Veja:
Um recado pra vcs pic.twitter.com/4EaVKMlAOV— vittinho do sus 🤠 (@VittorGuidoni) November 20, 2019
Vitor Fernandes/BHAZ
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