Mineira relata como é namorar rapaz com autismo: ‘Diferente e maravilhoso’

Ana Cecília Soares/Arquivo pessoal


“É incrível conhecer alguém diferente da gente tão de perto. Eu sempre tive receio de lidar com pessoas TEA (Transtorno do Espectro Autista) pelo que eu sempre ouvi, mas de perto é algo completamente diferente e maravilhoso. Eu amo amar esse homem e aprender sobre ele todos os dias”.

A fala é da estudante Ana Cecília Soares, de 18 anos, que começou a namorar o também estudante Vittor Guidoni Marianelli, de 19 anos, que tem TEA. Ao BHAZ, a jovem contou quais são os desafios de namorar uma pessoa que tem autismo. Por outro lado, Vittor também contou de suas dificuldades e o que fazer para manter um bom relacionamento.

Os dois se conheceram em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, onde estudam. O primeiro contato foi pelo Twitter, quando Vittor ficou famoso ao postar uma foto com uma camisa que dizia: “Sim, eu faço medicina. Mas por favor não me chame de doutor, me chame de Vittinho do SUS”.




“Achei a foto muito legal e comecei a conversar com ele pelo Twitter. Depois de algum tempo viramos amigos e começamos a estudar juntos. Aí começamos a sair e com um mês começamos a namorar. Já estamos juntos há três meses e tenho aprendido muito com ele”, relata Ana Cecília ao BHAZ.

Pelo Twitter, a jovem fez uma lista com diversas situações que já passou com Vittor. “Às vezes eu falava brincando que ele não me deu atenção o suficiente em um determinado dia. Ele ficava super sentimental e triste até eu falar que disse isso brincando. As coisas de internet ele custa a entender. É preciso explicar bem quando algo é irônico ou sarcástico”, conta a estudante.





“Esses dias eu estava estudando sobre ele um pouco. Ele é super atencioso aos detalhes. Às vezes a gente está conversando e o assunto morre, mas depois ele consegue voltar ao mesmo ponto, sem dificuldade alguma”, explica Ana Cecília.

Outro ponto são as decisões tomadas de forma lógica. “Ele não se preocupa muito com o que as pessoas pensam sobre. Se está tocando uma música no shopping e ele quer dançar, ele dança. Ele tem um bom processamento visual e verbal, e é muito honesto. Talvez isso para algumas pessoas seja um defeito, ele fala tudo ‘na lata'”. 




Ana Cecília lembra de outros relacionamento e diz que esse é totalmente diferente. “Eu sempre estava acostumada a ser o centro das atenções nas relações que eu tinha, o que não é o caso agora. Eu nunca sei quando ele vai ter uma crise de ansiedade, então preciso estar atenta. Outra diferença é que ele se importa mais do que o normal. Ele se preocupa mais que todo mundo, tem uma necessidade maior de estar perto que outras pessoas com que tenho relações sociais”, explica.

Nem sempre é fácil mas, como em todo relacionamento, os dois dialogam para chegar a um acordo. “Muitas vezes ele não entende o que eu falo e isso me deixa um pouco nervosa, porque tenho que explicar várias vezes. Mas a gente vai levando, acaba que tenho que ter mais paciência”, completa Ana Cecília. 



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O outro lado

O estudante de medicina Vittor Guidoni Marianelli tem 19 anos e é natural de Colatina, no Espírito Santo. Ele só teve o seu diagnóstico de Síndrome de Aspergers, grau de autismo considerado leve, neste ano.

Como dito anteriormente, Vittor conheceu a namorada após fazer um post com a camisa “Vittinho do SUS”. “Ela me mandou mensagem e começamos a conversar, mas acabamos nos afastando depois de um tempo. Acho que, algumas semanas depois, voltamos a conversar e dessa vez decidimos nos encontrar, e foi assim que começou”, explica ao BHAZ.

“Ela é sensacional, sempre me trata bem, e entende todas as minhas dificuldades, pesquisando sobre o assunto ou até simplesmente me perguntando, ela é muito empática, e sempre quer meu bem”, continua Vittor. 







 Vittor relata que alguns percalços surgem durante o relacionamento. “Posso não entender algo que ela diz ou sente, o que gera algumas dificuldades, mas na maioria das vezes é normal. Com os anos, eu aprendi a lidar com as minhas dificuldades sem nem saber que tinha TEA, mas quando descobri, foi muito mais fácil de melhorar elas objetivamente, o que ajudou muito no relacionamento”, explica.

“Os maiores desafios são entender emoções, expressões faciais e até sarcasmo. As vezes uma brincadeira pode ser levada muito a sério e causar uma discussão, simplesmente porque eu interpretei algo errado, mas nada que uma conversa não resolva”, completa Vittor.

Pelo Twitter, Vittor conta que descobriu o autismo recentemente. Ele promete falar mais sobre o assunto em vídeos periódicos. Veja:




 Vitor Fernandes/BHAZ

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