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Um novo
subtipo do vírus HIV foi identificado por pesquisadoras americanas da
Universidade do Missouri. A novidade foi publicada ontem no Journal of Acquired
Immune Deficiency Syndromes (Jornal de Síndromes de Imunodeficiência Adquirida,
traduzido do inglês).
A mutação identificada pelos cientistas — como subtipo L
— ocorreu na versão mais comum da doença, os vírus HIV do Grupo M, encontrado
em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 37,9 milhões de pessoas
vivem com o HIV, responsável pelo desenvolvimento da Aids.
A
descoberta só foi possível por meio do sequenciamento genético de três
pacientes. As amostras de sangue foram coletadas nas décadas de 1980 e 1990 e
em 2001. — Identificar novos vírus como esse é como procurar uma agulha no
palheiro — disse Mary Rodgers, uma das autoras do estudo, que complementou: —
Ao avançar nossas técnicas e usar a nova geração de tecnologia de
sequenciamento, puxamos essa agulha com um ímã.
As
cientistas defenderam que este avanço poderá facilitar a identificação de
possíveis pandemias e até mesmo antecipar o combate às infecções. — Em um mundo
tão conectado, nós não podemos mais pensar que os vírus fiquem restritos a
certas regiões — disse, por meio de nota, Carole McArthur, outra autora do
estudo.
De acordo
com as cientistas, o vírus HIV não é um “agente infeccioso estático”, isso quer
dizer que ele sofre mutações e está “em constante evolução”. Para elas, a
descoberta do novo subtipo vai ajudar no desenvolvimento de outras pesquisas
voltadas ao diagnóstico do vírus.
Consequências
no corpo ainda são estudadas
Para que
os cientistas possam declarar que esse era um novo subtipo, três casos devem
ser detectados independentemente. Os dois primeiros foram encontrados no Congo
em 1983 e 1990. As duas cepas eram “muito incomuns e não combinavam com outras
cepas”, disse Rodgers.
A
terceira amostra encontrada no Congo foi coletada em 2001 como parte de um
estudo destinado a impedir a transmissão do vírus de mãe para filho. A amostra
era pequena e, embora parecesse semelhante às duas amostras mais antigas, os
cientistas queriam testar todo o genoma para ter certeza. Na época, não havia
tecnologia para determinar se esse era o novo subtipo.
Os
cientistas desenvolveram novas técnicas para estudar e mapear a última amostra
coletada para pesquisa. Eles conseguiram sequenciar completamente a amostra, o
que significa que foram capazes de criar uma imagem completa e determinar que
era, de fato, o subtipo L do Grupo M.
Para os
cientistas, não está claro se essa variante do vírus pode afetar o corpo de
maneira diferente. Os tratamentos atuais para o HIV têm capacidade de combater
uma grande variedade de cepas de vírus, e acredita-se que essas terapias possam
atacar também este subtipo recém-descoberto.
— Nós
nunca podemos nos tornar complacentes, precisamos ser proativos e trabalharmos
para ficar um passo à frente do vírus. Para evitar novas infecções, precisamos
entender como elas se espalharam no passado — finaliza Rodgers.
Agência O Globo