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Foto: Getty Images/BBC |
Por BBC
A sua
respiração acelera, seu coração bate mais rápido, você transpira, seus músculos
tensionam... O que acontece no seu organismo quando você tem uma reação fóbica?
No cérebro,
a amígdala reconhece uma situação como perigosa.
O hipotálamo
desencadeia sua resposta de luta ou fuga.
E o hipocampo
registra o seu medo, para lembrá-lo da próxima vez que enfrentar algo
semelhante.
Há mais
glicose no sangue, o que aumenta sua energia.
Na maioria
dos casos, o córtex pré-frontal, a parte racional e exclusivamente humana do
cérebro, pode acalmar a amígdala.
Mas se você
tem uma fobia, esse processo não funciona muito bem e seu cérebro fica preso no
modo de ataque/defesa.
De onde vêm as fobias?
A primeira
fobia registrada foi sentida por um homem que ficava aterrorizado com a música
de uma flauta, mas apenas se ele a ouvisse à noite.
Ela foi
descrita há 2.500 anos pelo grego Hipócrates, o "pai da medicina".
Ele não usava, ainda, a palavra "fobia" — isso aconteceu 500 anos
depois, quando o autor romano Celso a usou em 30 d.C.
Ele
descreveu a hidrofobia como "uma doença muito infeliz na qual a pessoa
doente é atormentada ao mesmo tempo pela sede e medo da água, e para a qual há
pouca esperança".
Embora
Celso, como outros autores clássicos, soubessem que a hidrofobia e a raiva
estavam relacionadas, eles usaram o termo "raiva" para a doença que
atacava os animais, enquanto a hidrofobia era o nome da versão humana da
doença.
Hoje, a
hidrofobia — o medo de água — é usada no contexto da doença da raiva, pois é um
sintoma característico daqueles que sofrem dela.
O medo
irracional e doentio da água ou da natação é chamado de aquafobia.
Celso pegou
a palavra fobia do deus grego Fobos, que era tão assustador que os guerreiros o
pintavam nos escudos para amedrontar seus inimigos.
Medo + desejo = fobia
Um dos casos
mais famosos da psicanálise é o que Sigmund Freud descreveu em Análise da Fobia
de Uma Criança de Cinco Anos, em 1909.
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Foto: Getty Images/BBC |
O garoto,
conhecido como O Pequeno Hans, testemunhou aos 4 anos de idade um evento que o
aterrorizou quando ele estava em um parque com uma empregada da família.
Uma
carruagem puxando uma carga pesada desabou.
Isso o levou
a ter medo de sair de casa, centrado no terror a cavalos — a equinofobia — e a
cargas pesadas.
Para Freud,
era um medo inconsciente de seu pai e relacionado a sentimentos sexuais por sua
mãe.
Psicanalistas
modernos ainda acreditam que as fobias podem ser causadas por conflitos internos
como esse.
Mesas não tão planas
Outra teoria
é de que pelo menos alguns medos são inatos. A ideia central é que o medo nos
deu uma vantagem evolutiva.
Em um estudo
que parece corroborar essa teoria, os pesquisadores mostraram imagens de
aranhas e cobras a bebês pequenos e descobriram que suas pupilas estavam
dilatando — um sinal de medo ou de intensa concentração.
Cerca de 5%
das pessoas têm essas fobias.
E talvez o
mesmo mecanismo tenha nos deixado outras fobias comuns, como medo de altura,
escuridão, espaços confinados, todos perigosos quando estávamos evoluindo.
Sem raízes
Desde a
época do Pequeno Hans, um grande número de fobias foram detectadas e nomeadas,
desde iatrofobia (medo de médicos), pogonofobia (de barbas) e até deipnofobia
(o medo irracional e patológico de interagir com outras pessoas durante uma
refeição).
E embora
possamos não conhecer a causa principal das fobias, sabemos como elas se desenvolvem.
Você pode
ter uma fobia vendo o medo de outras pessoas.
Uma fobia
também pode ser adquirida pelo aprendizado: saber mais sobre germes, por
exemplo, pode levar à bacilofobia.
Ou você pode
desenvolver uma fobia depois de ter uma experiência traumática, especialmente
na infância.
Curiosamente,
as fobias comuns são muito semelhantes em todas as culturas. Mas uma das poucas
culturalmente específicas é a taijin kyofusho, a fobia japonesa de envergonhar
outras pessoas.
Simples e complexas
Todas as fobias
que mencionamos são classificadas como fobias simples, ou seja, elas são medos
de coisas específicas.
Mas existem
duas fobias complexas.
A fobia
social é desencadeada por estar perto de pessoas desconhecidas e a agorafobia
por estar fora de casa, especialmente em um local sem rotas de fuga.
Embora essas
sejam condições graves, elas podem ser tratadas com terapia e medicamentos.
Fobias
simples, apesar do sofrimento que causam, são mais fáceis de tratar.
Muitos
médicos recomendam a terapia cognitiva-comportamental, com um terapeuta que
ajude a se acostumar gradualmente ao que causa terror.
Então, se
uma fobia o incomoda, você pode ir ao médico... A menos que você seja
iatrofóbico, é claro.
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