A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum e, se não for tratada precocemente, pode comprometer vários órgãos como olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso. A doença também pode ser transmitida verticalmente, da mãe para o feto, por transfusão de sangue ou por contato direto com sangue contaminado.
Dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) indicam que no período em questão a Bahia registrou 213 casos de sífilis em meninas menores de 10 anos e 183 casos em garotas com idade entre 10 a 14 anos.
A sífilis se manifesta em três estágios, primário, secundário e terciário. Nos dois primeiros, os sintomas são mais evidentes e o risco de transmissão é maior. O terceiro, no entanto, se caracteriza por um período assintomático, em que a bactéria fica latente no organismo, mas a doença retorna com agressividade acompanhada de complicações graves, podendo causar cegueira, paralisia, doença cardíaca, transtornos mentais e até a morte.
Além de sífilis, a Sesab repassou dados de diagnósticos entre crianças e adolescentes outras duas DSTs: HTLV e Hepatite B.
HTLV
Da família do HIV, o HTLV foi diagnosticado em 176 meninas de até 19 anos entre 2015 e 2019. Conforme informações da Sesab, deste total 35 casos foram em menores de 10 anos, 13 em garotas com idade de 10 a 14 anos e 128 casos em meninas de 15 a 19 anos.
O HTLV é um retrovírus que infecta a célula T humana, que é um tipo de linfócito importante para o sistema de defesa do organismo. A doença é transmitida por via sexual e através de transfusão de sangue e uso compartilhado de seringas. O vírus se apresenta em dois tipos, o HTLV-I, relacionado a doenças neurológicas graves e degenerativas e hematológicas, e o HTLV-II, cuja ligação com alguma patologia ainda não foi determinada.
HEPATITE B
Um dos cinco tipos no Brasil, a Hepatite B afetou 17 meninas menores de 10 anos entre 2015 e 2019, quatro com idade entre 10 e 14 anos e 62 de 15 a 19 anos. A doença infecciosa é causada pelo vírus B (HBV), que fica presente no sangue, no esperma e no leite materno.
A doença é transmitida através de relações sexuais, transfusão de sangue contaminado, da mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação, e pelo compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam.
O Ministério da Saúde destaca que a maior parte dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. No entanto, os mais comuns incluem cansaço, tontura, enjoo e vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção.
A hepatite B pode se desenvolver de duas formas, aguda e crônica. A aguda é quando a infecção tem curta duração. Os profissionais de saúde consideram que a forma é crônica quando a doença dura mais de seis meses. O risco de a doença tornar-se crônica depende da idade na qual ocorre a infecção. As crianças são as mais afetadas. Naquelas com menos de um ano, esse risco chega a 90%; entre um e cinco anos, varia entre 20% e 50%. Em adultos, o índice cai para 5% a 10%.
CAMPANHA ‘TUDO TEM SEU TEMPO’
Nesta semana, os ministérios da Saúde e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançaram uma campanha para prevenir a gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis, intitulada de “Tudo tem seu tempo: Adolescência primeiro, gravidez depois”. O objetivo, de acordo com o governo, é a redução da gravidez precoce e consequências para toda a vida.
A ideia da ministra da Mulher, Damares Alves, é de que pais e responsáveis orientem as crianças e adolescentes a retardarem o início da vida sexual.
“Com base em informações de saúde e comportamentais, a proposta é despertar a reflexão e promover o diálogo entre os jovens e as suas famílias em relação ao desenvolvimento afetivo, autonomia e responsabilidade”, publicou o Ministério da Saúde.
BN