A transexual Susy de Oliveira, que comoveu o país após revelar que não recebia visitas há oito anos durante uma reportagem de Drauzio Varella no Fantástico (TV Globo), foi condenada por estuprar e estrangular uma criança em 2010.
Presa na Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, interior de São Paulo, Susy teve documentos divulgados por um grupo de advogados. O material revela que o crime foi cometido em maio de 2010, no bairro de União de Vila Nova, na capital paulista.
De acordo com os autos de um pedido de revisão criminal feito pela defesa à Justiça, após abusar da vítima, um menino de 9 anos, "com a finalidade de assegurar a impunidade pelo crime anterior, o peticionário matou o ofendido mediante meio cruel, consistente em asfixia, e se valendo de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, haja vista tratar-se de criança, com mínima capacidade de resistência".
Antes da divulgação dessas informações, Susy havia recebido 234 cartas, 16 livros, duas bíblias, maquiagens, chocolate, envelopes e canetas.
A advogada de Susy, Bruna Paz Castro, afirmou ao portal R7 que vai visitar a cliente nesta segunda-feira (9) e só irá se pronunciar sobre o caso após o encontro.
Após a divulgação da reportagem, muitos internautas se mobilizaram para enviar cartas para Susy, dias antes da revelação sobre o crime que ela cometeu.
A Secretaria da Administração Penitenciária confirmou que a reeducanda Susy cumpre pena por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável (menor de 14 anos).
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou nesse domingo (8) que, por se tratar de processo que tramita sob segredo de Justiça, não poderia se pronunciar sobre o caso.
Segundo o Metrópoles, ela já teria sido acusada por patrões e parentes de abusar de outras crianças. De acordo com relatos feitos em oitiva por uma tia de Susy, constante das folhas 645 a 650 do Pedido de Revisão Criminal, “ele roubava, mentia e não ia para a escola, até os 12 anos. Depois dessa idade, começou a roubar com arma e fumava maconha”, disse em depoimento no processo, que corre em segredo de Justiça.
A testemunha ainda declarou que Susy teve problemas com os patrões quando trabalhava em uma padaria. “Foi acusada de estar abusando de uma criança de 3 anos, e os parentes da criança foram na minha casa atrás dela, querendo matá-la”, contou a mulher ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Em outra ocasião, a tia recebeu reclamações de Susy porque ela teria ido passar as férias na casa do irmão e teria “tentado estuprar o sobrinho de 5 anos”. Ela ainda complementa: “Na escola, era acusado de pular o muro, ir no banheiro passar a mão em alguém e roubava de professores”, completa o depoimento.
A tia acrescentou ainda que a sobrinha teria se envolvido em um outro roubo quando adolescente, no qual foi assaltar a casa com uma faca na mão e uma “moça novinha com criança de colo se assustou e pulou a janela”, disse.
Prisão perpétua
Já no fim de tarde desta segunda-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro se manifestou em seu Twitter sobre o caso. Ele lamentou o tempo de condenação de Susy, pedindo que ela enfrentasse prisão perpétua.
Já no fim de tarde desta segunda-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro se manifestou em seu Twitter sobre o caso. Ele lamentou o tempo de condenação de Susy, pedindo que ela enfrentasse prisão perpétua.
"Enquanto a Globo tratava um criminoso como vítima, omitia os crimes por ele praticados: estupro e assassinato de uma criança. Graças à internet livre, o povo não é mais refém de manipulações. Infelizmente a Constituição não permite prisão perpétua para crimes tão cruéis.", diz o post.
Nas redes sociais, internautas criticaram Drauzio e o programa Fantástico. Em esclarecimento postado em seu Twitter, o médico afirmou que, no caso da reportagem, nada perguntou às entrevistadas sobre os delitos cometidos. Disse que adota essa conduta para evitar que seu julgamento pessoal interfira em seu trabalho.
Leia a nota divulgada por Drauzio Varella, e endossada pela direção do Fantástico no programa desse domingo, na íntegra:
“Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a Medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que mu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios. No caso da reportagem veiculada pelo Fantástico na semana passada (1/3), não perguntei nada a respeito dos delitos cometidos pelas entrevistadas. Sou médico, não juiz”.
Com informações do Correio 24h, Portal R7 e do JC Online.
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