(foto: Michael Dantas/AFP) |
Caso a média
de 130 mortes causadas pelo coronavírus por dia seja mantida, Manaus poderá ser
obrigada a sepultar as vítimas em sacos plásticos nas próximas semanas.
A avaliação
é da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário
(Abredif), que solicitou ao governo federal um avião de carga para o transporte
de 2 mil urnas para a capital do Amazonas. Segundo a entidade, existem apenas
mil urnas no estoque da cidade, uma das mais afetadas pela pandemia.
A entidade
enviou uma carta à Secretaria de Articulação Social do governo federal, no
último fim de semana, alertando para a gravidade do problema. De acordo com o
presidente da associação, Lourival Panhozzi, há a necessidade imediata de
reforço no estoque. "Se o governo não oferecer um avião para o transporte
de urnas, poderemos chegar ao ponto de termos corpos jogados nas esquinas. O
transporte rodoviário demora dias e a necessidade é imediata", afirma.
O colapso no
setor funerário descrito pela entidade está sendo vivido pelo Equador. Após
vídeos que mostram cadáveres pelas ruas de Guayaquil, no sudoeste do país, a
cidade sofre com a falta de caixões. As vítimas são enterradas em caixas de
papelão, desobedecendo normas sanitárias do governo.
A rotina de 120
enterros por dia exige o uso de valas coletivas no Cemitério Parque Tarumã, na
zona norte da capital do Amazonas. A prefeitura alega que a metodologia de
"abertura de trincheira" é internacional. Diferentemente do que se
convencionou chamar de vala comum, uma área de enterros sem identificações,
essa medida "preserva a identidade dos corpos e os laços familiares, com o
distanciamento entre caixões e identificação de sepultura". O Amazonas já
registrou 304 mortes por covid-19.
Quando todos
os cuidados necessários são tomados e o manuseio correto é praticado, não há
razão para temer a disseminação da COVID-19 por cadáveres, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS). "Só podem ser (infecciosos) os pulmões
dos pacientes com gripe pandêmica se forem manipulados de forma incorreta
durante uma necropsia", acrescenta a entidade, em nota. Isso não significa
que o vírus morra com a vítima. No caso de doenças respiratórias agudas, os
pulmões e outros órgãos "podem continuar a abrigar vírus vivos". Mas
eles só são liberados, em geral, nas necropsias.
A associação
das empresas funerárias questiona ainda a falta de protocolo nacional durante
as principais fases da atividade funerária, como a remoção dos falecidos,
preparação dos corpos, velório, sepultamento e cremação. "Somos os
responsáveis pela remoção e preparação dos corpos das vítimas do coronavírus e,
assim como os profissionais da saúde, necessitamos de equipamentos de proteção
e um protocolo unificado", argumenta Panhozzi.
Redação: Estado de Minas