O
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou, nesta
quarta-feira (19), a autorização para que recursos financeiros
recebidos para aquisição de merenda escolar fossem transferidos para pais e
responsáveis dos estudantes durante a pandemia.
Pela Lei nº 13.987, que vigora desde abril, as famílias de alunos da
educação básica na rede pública têm direito a receber os alimentos que seriam
servidos nas escolas, caso elas estivessem abertas. Tal benefício continua
valendo.
O Congresso, no entanto, havia proposto um auxílio extra: além da
distribuição dos produtos, parte da verba direcionada aos
municípios, Estados e escolas federais para comprarem alimentos aos alunos
deveria ser repassada aos familiares. Bolsonaro vetou a mudança, ou
seja, o repasse do dinheiro não ocorrerá.
A justificativa é de que "a operacionalização dos recursos
repassados é complexa" e de que não há como assegurar que esse dinheiro
será usado para a compra dos alimentos necessários aos estudante.
O que é o auxílio para a merenda?
Pelo Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae), o governo federal direciona recursos
suplementares a estados, municípios e escolas federais para auxiliar na compra
da merenda escolar.
São 10 parcelas mensais (de fevereiro a novembro) para ajudar na
alimentação de estudantes durante os 200 dias letivos. A verba é proveniente do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Em cada etapa de ensino, é estabelecido um valor a ser repassado pelo
governo federal. Nas creches, por exemplo, o auxílio é de R$ 1,07 para cada
aluno, por dia letivo. No ensino médio, é de R$ 0,36.
Atualmente, pela Lei nº 13.987, os alimentos já comprados com esse
dinheiro devem ser distribuídos para as famílias dos alunos - já que, durante a
pandemia, as escolas estão fechadas.
Agricultura familiar
O Pnae estabelece que uma parcela de 30% do valor repassado aos
municípios e Estados deve ser usada para comprar alimentos cultivados pela
agricultura familiar. Pela sugestão do Congresso, o índice mínimo deveria ser
aumentado para 40%.
No veto, Bolsonaro argumenta que não é possível elevar o índice para
40%, porque "haverá ônus aos municípios que enfrentam dificuldades
econômicas".
Mais vetos
O presidente ainda vetou outros artigos do texto original da lei:
1- Assistência para
atividades não presenciais
O primeiro se refere à prestação de assistência técnica e financeira aos
Estados e municípios conseguirem promover aulas e atividades pedagógicas não
presenciais. Segundo a lei, seriam utilizados recursos oriundos do regime
extraordinário fiscal. A justificativa de Bolsonaro para o veto é que as
despesas para cumprir a determinação "excedem os créditos
orçamentários ou adicionais".
2- Mudança na data do Enem e
adaptação de calendários
O presidente também excluiu o artigo que determina que o Ministério da
Educação (MEC) consulte os governos estaduais para definir as datas de
realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
deste ano. Em despacho, afirmou que a data do Enem é prerrogativa do Governo
Federal e a consulta "viola o pacto federativo".
No mesmo veto, ele excluiu a obrigação de os processos seletivos das
universidades que utilizam o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e o Programa
Universidade para Todos (Prouni) serem adaptados à data de divulgação dos
resultados do Enem. A justificativa foi de que a medida poderá prejudicar os
alunos que não fizeram o exame e muitos que não o farão em função da pandemia.
No despacho que justifica o veto, o presidente argumenta que o veto “não
afasta a manutenção do diálogo entres os entes federados”.
Liberação de 200 dias letivos está
mantida
O presidente Jair Bolsonaro sancionou, na terça-feira (18), a lei que desobriga creches, escolas e instituições de ensino
superior a cumprirem, em 2020, o mínimo de 200 dias letivos previsto
em lei.
A flexibilização começou a valer em abril, quando o presidente editou
uma medida provisória sobre o tema. Como o texto passou por mudanças no
Congresso, as alterações voltaram ao Palácio do Planalto para sanção ou veto de
Bolsonaro. O prazo para a decisão terminava na terça.
G1