Empresa dona
dos mais de dez ônibus que foram queimados em incêndio no último sábado (23),
em Pernambués, Salvador, a Falcão Real está proibida de operar nos municípios
baianos desde dezembro do ano passado por determinação da Agência Estadual de
Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia
(Agerba).
A companhia,
que fazia o transporte intermunicipal para cidades do Centro-Norte baiano, como
os da região de Jacobina, foi acionada por mau serviço e, segundo a Agerba, não
se adequou às exigências feitas pelo Estado – por esse motivo teve o contrato
cancelado. O incêndio do final de semana aconteceu numa garagem que fica
próximo à Rodoviária de Salvador. O fogo consumiu um total de 12 ônibus, de
acordo com o Corpo de Bombeiros. Esta não foi a primeira vez que ônibus da
empresa foram destruídos em incêndios.
Chefe de
segurança da garagem do Falcão Real, Mário Santana afirmou que o incêndio
iniciou quando dois mecânicos faziam um serviço em ônibus da empresa que
estavam na garagem. De acordo com Santana, o fogo começou muito rápido.
Funcionários da garagem tentaram conter as chamas, mas não conseguiram. Foi
então que o Corpo de Bombeiros Militar, que fica próximo dali, foi acionado.
A fumaça
preta logo se espalhou e foi vista de diversos pontos da cidade, como Brotas,
Federação, Imbuí, da Cidade Baixa e até da Ilha de Itaparica. Os Bombeiros
conseguiram debelar as chamas por volta das 13h.
Não houve
vítimas, mas, de acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), um muro da
garagem foi atingido e corria risco de desabamento. Casas próximas não foram
atingidas pelo fogo, apesar de serem tomados pela fuligem deixada pela fumaça
densa.
Segundo a
Codesal, algumas pessoas tiveram que deixar seus imóveis por precaução, mas
foram liberadas a voltar ainda ontem.
Demissões
A reportagem
conversou com um ex-diretor da Falcão Real, que denunciou que vários
funcionários da empresa estão sem receber rescisões contratuais ou mesmo sem
ter dado baixo na Carteira de Trabalho. É o caso dele, Valdir Brito, que pediu
demissão no último mês de setembro e, quatro meses depois, ainda tem a empresa
registrada em sua carteira – sem receber um real sequer.
Segundo
Valdir, desde outubro, a empresa vem realizando uma política de demissões em
massa. Quatro funcionários que preferiram não se identificar afirmaram temer
que o incêndio tenha sido proposital, para que a Falcão Real continue sem pagar
os funcionários.
“Ninguém nos responde, ninguém nos dá uma
satisfação. Temos pessoas que só foram comunicadas da decisão e depois disso
não teve mais nenhum contato para pagarem o que nos devem”, contou ele.
Em nota, a
Polícia Civil afirmou que aguarda ser acionada por algum representante da
empresa para iniciar as investigações. Procurado, um proprietário da Falcão
Real, identificado como Zé Ângelo, não atendeu às ligações da reportagem.
Incêndios
O diretor
Valdir Brito trabalhava na Falcão Real em outubro de 2019, quando um incêndio
criminoso destruiu 22 veículos da empresa no município de Jacobina,
Centro-Norte do estado.
Quinze dias
antes, outro ônibus tinha sido incendiado em Miguel Calmon, cidade a 37
quilômetros de Jacobina. Depois dessas situações, o diretor passou a andar
escoltado na cidade por medo de sofrer alguma atentado à vida – ele estava na
empresa quando o caso aconteceu.
O prejuízo
estimado na época foi de R$ 18 milhões e o correspondente a 12% da frota foi
perdida – já que boa parte não tinha sequer seguro. O próprio diretor alega que
uma única pessoa foi responsável por toda a ação, que basicamente consistiu em
render o segurança responsável pelo pátio e incendiar os veículos. O caso ainda
é investigado pela Polícia Civil, mas o autor do crime segue sem ser
localizado.
Correio 24h