A Sociedade Brasileira de
Urologia (SBU) faz, nesta semana, um alerta à população sobre os riscos e as
maneiras de prevenir a formação de pedras nos rins. O alerta está nas redes
sociais e na Rádio SBU, com transmissão em áudio semanal da instituição nos
streamings (forma de distribuição digital) de áudio, como Spotify e Deezer,
entre outros.
De
acordo com a SBU, que iniciou a campanha nesta segunda-feira (18), no verão, a
incidência de pedras nos rins aumenta 30% em comparação com outras épocas do
ano, devido ao aumento da transpiração pelo calor, sem hidratação adequada.
Segundo
o coordenador do Departamento de Endourologia e Calculose da SBU, Ernesto
Régio, são cinco os pilares para prevenir a formação de cálculos e,
principalmente, para impedir que as pedras já existentes aumentem. Em
entrevista à Agência Brasil, o médico disse que o primeiro, “e talvez o mais
importante”, é manter uma hidratação abundante.
A urina tem que estar sempre
bem clara. “Qualquer líquido que o paciente tome é sempre favorável. Os sucos
de frutas cítricas são os melhores, porque, além da hidratação, têm o citrato
(elemento protetor), um componente que diminui a formação de novos cálculos.”
Outro
pilar é a redução do consumo de sódio (sal de cozinha), seja o produto do
saleiro ou o da comida industrializada. A pessoa precisa também ter bom senso
com o consumo de proteína animal e de produtos lácteos. Ernesto Régio recomendou
ainda a prática de atividades físicas regulares e que a ingesta de líquidos
seja bem distribuída ao longo do dia.
Bebidas negativas
Sobre
os chás, o médico ressaltou que nem todos são positivos. Os escuros,
principalmente, contêm oxalato, um dos principais componentes dos cálculos
renais. Ele chamou a atenção também para o fato de algumas águas com gás “terem
na sua concentração uma espécie de sódio, que piora o benefício da hidratação”.
Régio
disse que é preciso ficar atento, mas sem exageros no cuidado, e observou que
esse tipo de orientação vale a pena, se houver um líquido mais saudável. A
Sociedade Brasileira de Urologia informou também que café, bebidas alcoólicas e
refrigerantes, sobretudo à base de cola, quando consumidos frequentemente, podem
levar à formação de cálculos.
O
urologista Fábio Sepúlveda, também membro do Departamento de Endourologia e
Calculose da SBU, observou que uma em cada dez pessoas no Brasil sofre de
cálculo renal. “É uma condição mais comum entre adultos jovens, entre os 20 e
35 anos, e mais frequente em homens. Cerca de metade dessas pessoas terá um
novo episódio de cálculo ao longo dos dez anos seguintes e, por isso, a
prevenção é muito importante”, afirmou Sepúlveda. Ernesto Régio acrescentou que
50% das pessoas com cálculo renal têm recidiva.
O
ideal é consumir de dois a três litros de água por dia, mas alguns fatores
devem ser levados em consideração para o ajuste à realidade do paciente. A SBU
citou a constituição física (peso, altura, percentual de gordura corporal) e
outras formas de perda de líquidos como respiração ou suor, que podem ser
decorrentes do clima ou atividades físicas.
A
cor da urina deve ser monitorada. “Se não houve o consumo de algum alimento ou
substância que possa mudar a cor da urina, a tonalidade ideal é transparente,
incolor, como a água potável. A progressão para uma tonalidade amarelada ou
alaranjada é um sinal de concentração e geralmente indica que o volume de
líquido ingerido está baixo”, explicou Sepúlveda.
Vitaminas
Ernesto
Régio advertiu ainda sobre o aumento do uso de vitaminas C e D nesse período de
pandemia, para aumentar a imunidade contra a covid-19. Segundo o médico, há “um
pouco de exagero”. A vitamina C tem que ser bem dosada, para evitar a formação
de cálculos. No caso da D, que não é eliminada facilmente, existe risco de a
pessoa ter hipervitaminose D, com todas as suas consequências, afirmou o
médico.
A
SBU alerta que o uso de tais vitaminas de forma indiscriminada e sem orientação
médica pode ser tóxico e levar a complicações, produzindo altos níveis de
cálcio no organismo, no caso da vitamina D, ou acidificar demais a urina,
precipitando cristais, no caso da C, sendo fatores de risco para a formação de
pedras nos rins.
Ernesto
Régio disse que as pessoas que têm cólica renal devem fazer acompanhamento
regular, periódico, com um urologista.
Bahia.ba