Mulheres que contraíram covid-19 durante a gravidez podem
transmitir anticorpos para os seus bebês, que já nascem "protegidos"
contra o vírus. Isso é o que sugere um estudo publicado na revista médica JAMA Pediatrics, na
última sexta-feira (29).
Os cientistas americanos acompanharam 83 gestantes que testaram positivo para o novo coronavírus antes de dar à luz. Depois de fazer os testes de sorologia, eles perceberam que 72 delas transmitiram o chamado IgG (anticorpo de longa duração) para os bebês.
A hipótese é de que os anticorpos tenham sido
transmitidos via placenta. Esse padrão foi observado tanto para mães assintomáticas, quanto para as que tiveram
manifestações leves, moderadas e graves da doença. Quanto mais tempo havia se
passado entre a contaminação e o dia do parto, mais anticorpos eram detectados
nos bebês.
Outro tipo de anticorpo também foi analisado: o IgM, que
aparece alguns dias depois da contaminação, quando o corpo começa a se
defender. Ainda que as participantes da pesquisa tenham repassado o IgM aos
filhos, a transmissão foi menor.
Para os pesquisadores, essas evidências indicam que as
mães transmitem anticorpos capazes de proteger contra a doença, mas
dificilmente vão infectar o bebê com o vírus, caso ele seja contraído durante a
gestação. "Nossos resultados se alinham com as evidências atuais que
sugerem que, embora a transmissão neonatal e placentária de Sars-CoV-2 possa
ocorrer, tais eventos não são comuns", escrevem.
E a vacina?
O estudo também traz dados que podem ajudar a pensar os
futuros esquemas de vacinação contra a covid-19 em gestantes.
"[Entre as assintomáticas] todos os soros de cordão
umbilical eram soropositivos se o teste PCR da mãe se tivesse ocorrido 17 dias
ou mais antes do parto", explicam os pesquisadores. Os autores do
estudo acreditam que esse período seja uma pista sobre quanto tempo leva até
que o corpo da mulher produza anticorpos contra a doença e os repasse para o
bebê.
"Embora as taxas de transferência transplacentária possam variar, é reconfortante que a infecção materna, seja sintomática ou assintomática, resulta na produção de anticorpos suficiente para uma transferência transplacentária eficiente de anticorpos para recém-nascidos de mães infectadas, porque a vacinação materna poderia fazer o mesmo", escreveu a pesquisadora Flor Munoz, no editoral da revista.
Revista Crescer