(Imagem: Reprodução/ Hospital La Paz/ British Journal of Dermatology)
Além da perda de olfato e de paladar, uma série de sintomas pode indicar uma infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Por exemplo, os pacientes sintomáticos costumam relatar febre, tosse seca, cansaço e, em casos mais graves, falta de ar e dificuldades respiratórias. Agora, médicos espanhóis apontam para a "língua de COVID-19" como mais uma das características da doença.
Publicado na revista especializada British Journal of Dermatology, o estudo sobre a língua de pacientes diagnosticados com a COVID-19 foi liderado pela dermatologista Almudena Nuño González, do Hospital Universitário La Paz, em Madri, na Espanha.
“Encontramos algumas alterações na língua que até então não tinham sido relacionadas com a COVID-19: é uma língua dilatada, como se estivesse inchada, na qual se veem as marcas dos dentes [como na imagem A], e também pode estar despapilada [como na imagem B], com áreas de seu dorso com pequenas crateras formadas onde as papilas estão achatadas. Vê-se como uma língua com manchas rosadas”, afirma González sobre o novo sintoma do coronavírus.
Pesquisa sobre a língua de COVID
Para entender os eventuais sintomas da COVID-19, a pesquisa acompanhou 666 pacientes, atendidos entre os dias 10 e 25 de abril do ano passado, em um hospital de campanha. A média de idade desses voluntários era de 56 anos e quase metade do grupo era composta por pessoas de origem latino-americana. Além disso, todos apresentavam casos de pneumonias leves ou moderadas.
Segundo a análise concluída pelo estudo, mais de 25% dos voluntários internados apresentavam alguma alteração na mucosa oral, como a papilite lingual transitória (11%) — uma doença inflamatória que causa pequenas protuberâncias na língua —, úlceras bucais (7%), língua dilatada com marcas dos dentes nos laterais (7%), sensação de ardência (5%) e inflamação da língua com a despapilação (4%) — a "língua de COVID-19".
Para o grupo médico, outros fatores poderiam explicar alguns desses sintomas, como medicamentos ou ainda alterações causadas pela ventilação com oxigênio, já que o procedimento seca a boca e pode irritar a língua. “Mas a língua despapilada ["popularmente, chamada de língua de COVID-19"] se deve 100% à COVID-19, porque não ocorre por nenhuma outra circunstância nem nenhum tratamento”, comenta a dermatologista.
“É uma descoberta que pode auxiliar no diagnóstico, como a perda do olfato ou do paladar. São sintomas muito característicos”, explica González sobre o potencial de identificação de casos do coronavírus, a partir dessa característica da doença. Além dessa alteração, é possível associar a infecção com alterações na pele das palmas das mãos e das solas dos pés em quase 40% dos pacientes. Entre essas evidências, destacam-se: descamação (25%); pequenas manchas de cor avermelhada ou marrom (15%); e uma sensação de ardência (7%).
Para acessar o estudo completo, publicado no British Journal of Dermatology, clique aqui.
El País