Um vídeo que circulou nas
redes sociais no início do ano mostrando a produção de blocos de cimento no
distrito de Maria Quitéria em Feira de Santana, tem chamado a atenção da população.
O motivo de toda repercussão, foi causada pelo pedreiro Edvaldo Santos, de 27
anos, conhecido como "Topete Rasta". Ele criou uma máquina que
constrói quatro blocos de cimento em menos de um minuto.
A máquina foi o primeiro
trabalho desenvolvido pelo pedreiro, depois de ter montado uma bicicleta no
formato "motoqueiro fantasma". Em entrevista ao Acorda Cidade, Topete
Rasta informou que trabalhou desde cedo e sempre passou por dificuldades. Por
este motivo, o pedreiro pensando em um futuro melhor, decidiu virar autônomo,
produzindo o próprio material.
"Eu terminei essa
máquina por agora, foi minha primeira criação, mas fiz uma bicicleta colocando
mola na frente e atrás como uma imitação do motoqueiro fantasma, mas pretendo
fazer uma moto, um carro e caso algum empresário tiver o interesse, pode vim
que faço. Eu trabalho desde os meus 13 anos de idade, trabalhei em caminhão de
blocos e tive uma vida muito difícil, ficava me questionando o que seria do meu
amanhã? Então foi quando tive essa ideia de fazer essa máquina e trabalhar para
mim mesmo, pretendo fazer mais, mas no momento as condições estão
difíceis", explicou.
Utilizando chapas de metalon
e um pequeno motor, Topete Rasta constrói quatro blocos de cimento em menos de
um minuto. De acordo com ele, uma máquina desse nível no mercado pode custar
até R$ 7 mil reais.
"Eu usei algumas chapas
de metalon, barras de ferro e no caso da energia, um pequeno motor de encher
compressor. Essa máquina no comércio, pode achar de R$ 7 mil, mas a depender da
pessoa, posso vender por R$ 6 mil. Eu utilizei ela para construir minha casa,
trabalhando pela manhã e pela noite. Tinha dia que batia até 30 blocos",
comentou.
Topete Rasta explicou que
não teve a oportunidade de continuar com os estudos por conta das responsabilidades
dentro de casa, mas mostrou que ter força de vontade para buscar uma mudança de
vida, está ao alcance de todos.
"Minha mãe morreu
quando eu tinha 3 anos de idade e a situação foi ficando difícil. Meu pai não
cuidou de mim, eu vivia na casa da minha avó e naquele tempo tudo era difícil.
Eu estudava à tarde, porque tinha que capinar o terreno pela manhã e se não
fizesse aquela atividade, dormia do lado de fora. Então logo depois eu comecei
a trabalhar e larguei os estudos", disse ao Acorda Cidade.
Avião
Com a bicicleta e uma
máquina de blocos de cimento, Topete Rasta quer ir além. Ele contou que
pretende construir um avião e mesmo sendo questionado por outras pessoas, a
motivação ainda continua.
"Eu pretendo fazer um
avião e muitos falam, 'para quê esse avião?', mas é para mostrar que todo mundo
tem capacidade de fazer o que quiser. Nós sabemos quem fez o avião, quem criou
o carro, tem muita marca de carro inclusive, não é só uma, então eu também
posso fazer. Caso algum empresário tenha interesse na construção, o dinheiro
que eu receber, montarei uma ONG para ensinar as crianças, porque mesmo não
sabendo ler, nem escrever, todos podem ver minha capacidade. Eu montei minha
casa em formato de castelo, e digo que nem Elias Lúcio, 'a mente da gente e como
uma folha de papel em branco', então a minha folha é branca e a cada dia vou
aprendendo, vou pegando as informações ali, aqui e quando um profissional me
diz algo, eu vou aprendendo, coloco na mente e vou juntando", destacou.
Segundo Topete Rasta, a ONG
construída tem como objetivo levar mais conhecimento para as crianças.
"Nilton Rasta me disse
que daria um ajuda, tem também Gilson da Franja que ensina aqui no Cras de
Maria Quitéria em São José e todas as crianças precisam de um lar, eu sei que é
difícil, mas do jeito que está aí, tem muitas coisas que as autoridades nem
ligam. Entra prefeito, sai prefeito e só liga para os empresários e na verdade,
o futuro, são as crianças", finalizou.
Para utilizar os serviços do
pedreiro Edvaldo Santos, conhecido como "Topete Rasta", pode entrar
em contato através do (75) 99877-3303.
Com
informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade