Luz no fim da fila: já tem vacina contra covid-19 para crianças e adolescentes

(Foto: Shutterstock)

Nas últimas semanas, uma boa notícia para os pais: os testes em adolescentes, de 12 a 16 anos, mostraram resultados positivos e 100% de eficácia nos ensaios realizados pela Pfizer, em voluntários americanos dessa faixa etária. Ufa! Alívio. Vai ter vacina pediátrica contra a covid-19. O presidente e CEO da farmacêutica, Albert Bourla, afirmou durante o anúncio, que o plano é enviar esses dados como uma proposta de emenda à Autorização de Uso de Emergência às agências reguladoras em todo o mundo. A previsão é começar a vacinar o grupo, antes do início do próximo ano letivo. 

Uma outra vacina já começa a apontar para segurança e geração de imunidade em crianças e adolescentes. A farmacêutica chinesa Sinovac, parceira do Instituto Butantan no desenvolvimento da Coronavac, divulgou também resultados promissores, após testes clínicos com 500 pessoas de idade entre 3 e 17 anos. Segundo o pesquisador do laboratório, Zeng Gang, os níveis de anticorpos gerados pela vacina em crianças foram maiores que aqueles vistos em adultos de 18 a 59 anos e em idosos. 

Os pais já têm motivos para comemorar? De acordo com o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, até o momento, entre as opções mais próximas de entrar no Brasil, cinco farmacêuticas estão testando vacinas contra o coronavírus para atender crianças e adolescentes.  

“A maioria das vacinas que têm autorização emergencial ou definitiva com registro em adultos está em fase de início de protocolo, recrutamento ou aplicação efetiva para esse grupo, como a Pfizer/Biontech, Moderna, Astrazeneca/Fiocruz/Oxford, Sinovac/Coronavac e Jansen/J&J”. (Confira os detalhes sobre cada uma delas abaixo). 

Outras vacinas anti-covid, que estão um pouco mais distantes de chegarem do lado de cá, como a chinesa Cansino, por exemplo, não deixam de mandar bons sinais para a imunização de menores. A estatal começou os testes em 481 participantes, incluindo crianças a partir de seis anos, em janeiro. Porém, nenhum dado desse estudo foi divulgado e não há qualquer previsão de quando os testes serão concluídos.  

O horizonte, existe. Kfouri destaca, entretanto, que além do avanço científico é necessária a priorização por parte do poder público. Isto porque, mesmo que as vacinas estejam disponíveis em breve, a aplicação vai depender do plano de imunização.  

Em países como Israel, por exemplo, adolescentes de 16 a 18 anos, com comorbidades graves, entraram na campanha de vacinação, depois que 80% das pessoas com mais de 80 anos foram imunizadas, no final de 2020. Lá, o país adquiriu doses da vacina da Pfizer-BioNTech e da Moderna.

 Expectativa

O país tem, atualmente, 24,2% da população com idade entre 0 a 17 anos. Na Bahia, esse número chega a 25,7%. O cenário reforça a necessidade de incluir crianças e adolescentes nesse plano, assim que as vacinas forem liberadas. É o que defende a pesquisadora titular da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e integrante da Rede CoVida, Fernanda Grassi. “Embora não apresentem um maior risco de agravamento da doença, as crianças infectam de forma assintomática e aumentam a taxa de transmissão para adultos, colaborando para a perpetuação da epidemia”. 

O especialista pela SBP e pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e autor do perfil no Instagram @flaviopediatra,  Flavio Melo, concorda. “Mesmo com o surgimento das variantes, o perfil de letalidade e morbidade pediátrica não mudou. A vacinação infantil ajudaria sim, a diminuir a circulação do vírus, contribuindo com alta cobertura vacinal”. 

Com base nos dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab-BA), dos 832.749 casos confirmados, 11,15% são de pessoas na faixa etária de 0 a 19 anos, com taxa de óbitos de quase 1% (0,7%). Para a infectopediatra do Departamento de Infectologia da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), Anne Galastri, o maior desafio é ter conhecimento sobre o quanto essas vacinas são capazes de proteger.

 A torcida agora é para publicação desses ensaios nas principais revistas científicas do mundo e posterior autorização da Anvisa, como aguarda ansiosa, a pediatra Juliana Cabral de Oliveira. “A vacinação, sobretudo dos pequenos, é essencial para reduzir e bloquear essa cadeia de transmissão e, finalmente, vislumbrar um retorno mais próximo do normal”, ressalta. 

O QUE SE SABE ATÉ AGORA SOBRE AS VACINAS INFANTIS

1. Janssen (Johnson & Johnson)

Os estudos clínicos da vacina de dose única da Janssen contra a covid-19 em crianças e adolescentes estão em processo de aprovação junto aos órgãos reguladores competentes. A vacina será testada inicialmente em um pequeno número de adolescentes, que será expandido para um grupo maior em uma abordagem gradual. O processo de recrutamento de voluntários será conduzido, no Brasil, pelo Instituto de Pesquisas Clínicas L2iP, em Brasília, e depende somente da liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e também do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) para começar. 

2. AstraZeneca  
O estudo de Fase II organizado e pela Universidade de Oxford e financiado pela AstraZeneca e pelo National Institute of Health Research, já havia começado a ser feito no Reino Unido, porém, foi suspenso na última quarta-feira (07). Casos raros de trombose foram registrados antes da aplicação de novas doses, o que levou a universidade a divulgar um comunicado informando que vai aguardar informações complementares por parte da agência reguladora de medicamentos britânica. O estudo com 300 voluntários estava na fase ensaio simples-cego – quando, pelo menos, uma das partes envolvidas (médico ou paciente) não tem conhecimento sobre qual produto ou dose está sendo administrado.

3. Coronavac
A farmacêutica chinesa Sinovac - que junto com o Butantan desenvolveu a CoronaVac no Brasil - divulgou no final do último mês, os resultados de testes da fase inicial sobre a eficácia e a segurança da vacina em crianças e adolescentes. Os testes sugerem que vacina é segura e gera imunidade para os menores. Apesar de não divulgar o percentual de imunização, foram realizados testes clínicos com 500 pessoas de idade entre 3 e 17 anos que receberam duas doses médias ou baixas do imunizante ou um placebo. Os dados preliminares ainda não foram publicados em periódicos científicos. 

4. Pfizer 
No dia 31 de março, a farmacêutica anunciou os resultados positivos que alcançou com a vacinação em adolescentes de 12 a 15 anos. O Ensaio de Fase III demonstrou 100% de eficácia e respostas robustas de anticorpos e foi bem tolerada, após o teste em 2.260 voluntários americanos. Ainda no mês passado, a Pfizer e a BioNTech também começaram a dosar as primeiras crianças saudáveis em um estudo global de Fase 1/2/3 contínuo, a fim de avaliar a segurança, tolerabilidade e resposta imune da vacina em crianças de 6 meses a 11 anos. O estudo considera um esquema de duas doses (aproximadamente 21 dias de intervalo) em três grupos de idade: crianças de 5 a 11 anos, 2 a 5 anos e 6 meses a 2 anos. 

5. Moderna
Os testes foram iniciados no final de 2020. A empresa de biotecnologia norte-americana fez um ensaio com 3 mil adolescentes de 12 a 17 anos, no entanto, os dados ainda não foram divulgados. Em março, a Moderna iniciou um novo ensaio clínico com 6.750 crianças dos Estados Unidos e Canadá com idades de seis meses a 12 anos. A vacina da Moderna é a única aplicada no território americano, atualmente, em pessoas com 16 anos ou mais. As outras vacinas aprovadas pelo país, são a da Pfizer e a da Johnson, mas só podem ser utilizadas a partir dos 18 anos.

O Correio 24h

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