O governo federal criou uma sala
de crise e deu início à discussão de um plano de ações para preservar água nos
reservatórios das principais hidrelétricas e, com isso, evitar o risco de
escassez de energia.
Essas ações começaram a ser
debatidas por um grupo que inclui representantes dos ministérios de Minas e
Energia, Desenvolvimento Regional e Infraestrutura, além de órgãos como Agência
Nacional de Águas (ANA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama).
A primeira reunião aconteceu
nesta quinta-feira (13). O plano de ações deve ser apresentado em 15 dias e
incluir medidas como redução da vazão de parte dos reservatórios, o que deve
levar à suspensão temporária no tráfego de embarcações em algumas hidrovias,
como a Tietê-Paraná.
O motivo da mobilização do
governo é a situação dos reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e
Centro-Oeste, que respondem por mais da metade da capacidade de geração do
país.
O armazenamento de água nesses
reservatórios atualmente é o menor para essa época desde 2015 e bem próximo do
registrado em 2001, quando o país passou por um racionamento de energia.
Essa situação é resultado da
falta de chuvas nas duas regiões nos últimos meses. De acordo com o governo, o
volume de chuva registrado desde outubro é o menor dos últimos 91 anos.
O governo já ampliou nos
últimos meses a geração de energia por termelétricas, usinas que funcionam a
partir da queima de combustíveis como óleo ou gás natural.
Essa medida permite reduzir a
geração hidrelétrica e, consequentemente, poupar água dos reservatórios.
Entretanto, a energia termelétrica é mais cara, e o aumento do uso já se
reflete nas tarifas das contas de luz.
Por isso, o governo
identificou a necessidade de adotar novas ações para preservar água dos
reservatórios ao longo do período seco, que vai de maio a outubro, e tentar
evitar o risco de faltar energia em 2022.
“Nós estamos já numa sala de situação com a
participação de órgãos do governo, da ANA e Ibama, fazendo avaliação de como
que a gente pode trabalhar para ter uma disponibilidade hídrica suficiente para
a gente enfrentar esse período seco”, disse ao G1 a secretária-executiva do
Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira.
Segundo ela, a principal
medida em discussão neste momento é a redução da vazão de parte dos
reservatórios, o que levaria à queda no nível de água em alguns trechos de
hidrovias e, por consequência, à suspensão do transporte de carga.
“Nesse período que a gente vai utilizar uma
menor vazão nesses reservatórios algumas atividades terão que ser avaliadas se
de fato a gente vai precisar interromper. Por exemplo, a hidrovia Tietê-Paraná
é uma das ações que a gente vai ter que avaliar como vai implementar”, disse
Marisete Pereira.
Ela afirmou, porém, que não
está descartada a possibilidade da adoção de medidas que podem ter impacto no
abastecimento das cidades ou irrigação de lavouras.
“Pode até acontecer [impacto no abastecimento
e irrigação]. Mas, a priori, a gente não tem ainda essa informação com muita
clareza. O que nós vamos procurar fazer é utilizar essa menor vazão com o menor
impacto possível para as pessoas”, informou.
Por Fábio Amato, G1 — Brasília