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O
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o governo pretende lançar
um programa voltado para a compra de gás pela população mais carente. Segundo
ele, a Petrobras tem R$ 3 bilhões para bancar o benefício.
"O
novo presidente da Petrobras, o [Joaquim] Silva e Luna, está com uma reserva de
aproximadamente R$ 3 bilhões para atender realmente esses mais necessitados.
Seria um vale-gás, seria o equivalente --no que está sendo estudado até agora--
a um bujão de graça a cada dois meses", disse o presidente.
Ele
não revelou qual seria o critério para definir as famílias que teriam direito
ao vale. A declaração do mandatário foi dada em entrevista ao Programa do
Ratinho, do SBT. A gravação ocorreu na tarde de quinta-feira (29).
Bolsonaro
tem sofrido com queda da sua popularidade, e as pesquisas de opinião registram
favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário,
para o pleito do ano que vem.
Um
dos fatores que têm ampliado o desgaste do presidente é a inflação, inclusive a
alta do botijão.
Na
quarta (28), o Painel mostrou que a ideia de dar um vale à população para
compra do gás de cozinha tem ganhado força entre auxiliares do presidente.
A
solução conta com a simpatia até do ministro da Economia, Paulo Guedes, que
costuma impor freios aos projetos do Executivo que envolvem aumento de
despesas.
Na
entrevista, Bolsonaro reconheceu que existe um problema de inflação. No
entanto, ele atribuiu os altos preços do gás de cozinha no país à cobrança do
ICMS por governadores, à margem de lucro dos vendedores e ao custo do frete.
O
vale-gás não é o único benefício social planejado pelo governo Bolsonaro. O
presidente já anunciou que deve reformular o Bolsa Família e aumentar o valor
do benefício para, no mínimo, R$ 300 a partir do fim deste ano.
Auxiliares
esperam que o programa social turbinado ajude o presidente a recuperar sua
popularidade.
Em
meio a questionamentos sobre a periodicidade de sua política de preços, a
Petrobras anunciou no dia 5 de julho reajustes nos preços do gás de cozinha. A
alta foi de 5,9%.
Os
preços seguiram a alta das cotações internacionais do petróleo e passaram a
vigorar no dia 6 de julho.
Segundo
a Petrobras, o preço do gás de cozinha subiu R$ 0,20 por quilo, para R$ 3,60
(ou R$ 46,80 o botijão de 13 quilos).
É
o décimo-quinto aumento consecutivo no preço do gás de cozinha nas refinarias
da Petrobras, após um período de queda no início da pandemia, em 2020. Desde o
início do governo Bolsonaro, o produto vendido pela estatal acumula alta de
66%.
A
escalada no preço do botijão tem gerado debates no Congresso sobre a
necessidade de subsídios à população de baixa renda, que tem apelado a lenha ou
carvão para cozinhar alimentos diante da dificuldade para adquirir o gás de
cozinha.
Bolsonaro
já promoveu interferência na Petrobras no passado. Em fevereiro deste ano, ele
determinou a troca do então presidente da empresa, Roberto Castello Branco,
pelo general Silva e Luna.
O
presidente é crítico da política de preços da Petrobras e frequentemente culpa
governadores pela alta do preço dos combustíveis.
No
dia 23 de fevereiro, Bolsonaro afirmou que Silva e Luna "vai dar uma
arrumada" na empresa.
"O
que eu interferi na Petrobras? O que eu falei para baixar o preço [dos
combustíveis]? Nada, zero. O que essa imprensa está fazendo?"
"Tem
muita coisa errada. O novo presidente [Silva e Luna] vai dar uma arrumada lá
[Petrobras], pode deixar", disse Bolsonaro, em fala transmitida por um
site bolsonarista.
"Vocês
vão ver a Petrobras como vai melhorar. Assim como se tiver que fazer qualquer
mudança, nós faremos. Não vem a imprensinha, a imprensa de sempre, não sei o
quê. Não vai dar certo."
A
declaração de Bolsonaro ocorre um dia depois de a Petrobras ter registrado
perdas de mais de 20% em suas ações por conta da interferência do governo
Bolsonaro.
Ao
final do pregão do dia 22 de fevereiro, as ações preferenciais (mais
negociadas) da Petrobras fecharam em queda de 21,5%, indo a R$ 21,45. As
ordinárias (com direito a voto) despencaram 20,47%, fechando em R$ 21,55.
Por Ricardo Della Coletta |
Folhapress