Nova variante da Covid-19 pode levar Brasil a quarta onda

 

Foto: Reprodução/Pixabay

A rapidez com que o número de registros de Covid-19 provocados pela variante Delta se multiplicou no Rio e a identificação de casos em cada vez mais Estados brasileiros chamou a atenção de cientistas, que temem uma nova onda da epidemia provocada pela cepa indiana. No Brasil, já são 122 pacientes com diagnóstico da nova cepa, mas especialistas acreditam que o número pode ser maior, diante das dificuldades de vigilância genômica.

 

Identificada originalmente na Índia, a Delta é mais transmissível que as demais variantes da doença. Tornou-se predominante em praticamente todos os países do mundo em que entrou. É o caso dos Estados Unidos e de parte da Europa. No Brasil, acreditava-se que ela poderia ser bloqueada pelo fato de a cepa predominante no País ser a Gama (identificada originalmente em Manaus). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Gama é uma “variante de preocupação”, tão potente quanto a indiana. Mas o salto no Rio, que concentra 84 dos casos confirmados no País, acendeu o alerta.

 

“Não podemos relaxar. Precisamos rastrear os casos e os contatos, isolar as pessoas, reforçar a vigilância epidemiológica e genômica, manter as medidas de isolamento e uso de máscara, e ampliar a vacinação”, enumera a presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Gulnar Azevedo e Silva, professora do Instituto de Medicina Social da UERJ. “Se nada disso for feito, corremos o risco, sim, de termos uma quarta onda”.

 

Mais transmissível

 

Estudos mostram que a Delta é mais transmissível que as demais cepas, mas não necessariamente mais agressiva. Cientistas ressaltam que a variante se espalhou em países onde boa parte da população já está vacinada. Isso poderia explicar o baixo número de internações e mortes. Já se sabe também que apenas a primeira dose de um imunizante pode não ser suficiente para barrar a infecção. É complexo prever como a Delta se comportaria no Brasil, que tem menos de 20% da população imunizada com as duas doses.

 

“É difícil avaliar porque não temos nenhum outro país com a mesma situação epidemiológica do Brasil para comparar”, afirmou o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul. “Os países europeus tiveram medidas de controle muito mais rígidas e estavam com a vacinação mais avançada”. Segundo o especialista, o ideal é tentar evitar, pelo maior tempo possível, a transmissão comunitária da Delta no Brasil. É muito provável, porém, que ela já esteja circulando no Rio e em São Paulo. (Fonte: Estadão)

 

 

Carlos Britto

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