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Foto: Arquivo Pessoal |
Três meses se passaram desde o
desaparecimento de Davi Lima Silva, de 11 anos, na zona rural de Itiúba, norte
da Bahia e a mãe do garoto, Lilia Lima, de 39 anos, continua sem respostas.
Filho único, o menino desapareceu após ter saído da casa de uma tia em direção
à residência da avó, no povoado de Varzinha.
Ao G1, Lilia Lima, que
trabalha como fotógrafa, conta que mora em Salvador com o esposo e com o filho.
Eles foram até Itiúba para visitar a família.
“A gente mora em Salvador,
sempre morou em Salvador, e só ia para lá para passar Natal, Ano Novo, Páscoa…
com a família”, contou Lilia Lima.
Desde então, os olhos de Lilia
não fecham durante a noite, e se alimentar se tornou cada vez mais difícil para
ela.
“Até agora eu me pergunto
todos os dias, todas as noites… Eu nunca mais dormi, nunca mais me alimentei,
meu filho dormia abraçado comigo. Ele só dormia comigo”, disse Lilia Lima.
“É tudo muito estranho, é tudo muito estranho… Até agora eu não consigo explicar. É muito triste”.
Visitas à Secretaria de
Segurança
Desde que Davi Lima Silva
desapareceu, a mãe dele tem ido até a sede da Secretaria de Segurança Pública
da Bahia (SSP-BA) uma vez por semana em busca de respostas. No entanto, ela
sempre escuta que o caso está em sigilo, sendo investigado.
“Falam que é sigilo e não
podem falar até o momento, porque pode atrapalhar o andamento da investigação”,
relatou a mãe do garoto.
“É só isso que eles passam
para a gente. Toda semana eu vou na Secretaria Pública de Segurança, e a
delegada passa essa informação para mim. A entidade daqui (Salvador) cobra a de
lá (Itiúba), e eles falam a mesma coisa: que não pode falar, que estão
trabalhando, buscando uma forma, e pediram mais um prazo de 30 dias para
continuar as investigações”.
De acordo com a fotógrafa, a
falta de resposta faz com que a angústia aumente mais.
“Eu não consigo entender esse
sigilo, esse prazo que eles vão dando, porque era 30, depois 60, já foi 90 e
mês que vem completa 120 dias. É uma angústia que não termina, muito difícil”,
desabafou.
‘Eu nunca deixei meu filho’
“Eu nunca deixei meu filho nem
no condomínio onde a gente mora. Meu filho não brincava, só porque eu não
deixava. Nem eu, nem o pai. Nem com todas as câmeras do condomínio que a gente
mora, o único lugar que eu deixava ele era com minha irmã e com minha mãe”,
disse Lilia, explicando como era a rotina de Davi, sempre debaixo dos olhos dos
pais.
No dia em que o garoto
desapareceu, ele estava sob os cuidados da tia, pois Lilia fotografava uma
gestante.
“Nunca deixei ele sozinho. No
dia que ele desapareceu, ele estava com minha irmã. Eu deixei ele com ela, para
fotografar, e em menos de duas horas ela simplesmente me disse que ele tinha
desaparecido, que correu e desapareceu”, contou.
A mãe do garoto ressalta que,
por não morar no povoado, Davi não conhecia muitas pessoas no local.
“Davi só brincava com um
amiguinho e dois primos, porque a gente não morava no interior, a gente foi
para lá para passear, então ele não tinha amizade lá”, afirmou.
“Ele não tinha amiguinhos, não
tinha costume de ir para casa de ninguém, porque ele não tinha amizades em
Itiúba”.
Desaparecimento
Davi foi visto pela última vez
no dia 28 de março, após sair da casa de uma tia, em direção à residência da
avó. Os imóveis são próximos um do outro e, segundo os familiares, o menino
fazia o percurso com frequência.
De acordo com a tia do garoto,
no dia do desaparecimento, ele estava muito agitado. Davi estava usando uma
camisa de cor cinza e um short estampado no dia em que desapareceu.
“O trajeto da casa de minha
irmã para a casa de minha mãe ele sabia. Tantas vezes eu já mandei ele ir,
ficava olhando e via ele chegar. Ainda falava que Davi estava indo”, disse a
mãe do menino.
Ainda segundo a família, um
vizinho informou que ele seguiu em direção a uma serra próxima ao povoado, mas
desde então não há informações sobre o garoto.
Familiares disseram que uma
pessoa teria ouvido gritos de socorro em uma região de mata, na localidade de
Laje da Cruz, também em Itiúba. Mas como ela não sabia que alguém na área
estava desaparecido, não foi averiguar.
Foto: Reprodução/TV São Francisco
Investigações
A família do garoto recebeu um
relatório da polícia, ao qual o G1 teve acesso, que relata que inicialmente foi
realizada uma busca com apoio de drones, helicóptero do Graer e cães
farejadores da PM, bombeiros, COE da Polícia Civil da Bahia, e que o resultado
de todos os cães farejadores foram idênticos e apontaram que a criança foi
levada por um automóvel.
De acordo com o relatório,
também foi realizada uma busca com um cão farejador de cadáver dos bombeiros, e
o resultado foi negativo para cadáver em toda a região onde possivelmente o
menino poderia ser encontrado, inclusive no local onde sandálias do menino
foram achadas.
Ainda segundo o documento, no
inquérito policial já foram ouvidas todas as possíveis testemunhas e suspeitos,
e diligências estão em andamento, em sigilo.
O G1 entrou em contato com a
Polícia Civil, para saber como está os andamentos do caso e entender o o motivo
do sigilo, mas não recebeu respostas até a publicação desta reportagem.
Fonte: G1/BA