Foto: Reprodução/Arthur Menescal/Especial Metrópoles |
Dor no corpo, calafrios, febre
e fadiga são algumas das reações adversas relatadas por uma parcela das pessoas
vacinas com o imunizante da AstraZeneca contra Covid-19 nos últimos meses.
Todos eles estão previstos em bula, mas, três meses depois, algumas pessoas
temem a segunda dose com medo de sentir o desconforto novamente.
A médica Flávia Bravo, membro
da Comissão Técnica para Revisão dos Calendários Vacinais e Consensos da
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), esclarece que as pessoas não devem
deixar de tomar a segunda dose por medo das reações, uma vez que o incômodo é
momentâneo, não deixa sequelas e deve ser mais brando nesta etapa da
imunização.
Mas afinal, por que a vacina
da AstraZeneca parece gerar mais reações adversas do que as demais disponíveis?
A resposta pode estar na tecnologia usada pelos cientistas para desenvolver a
fórmula do imunizante. A AstraZeneca e a Janssen utilizam a plataforma de vetor
viral, com um vírus que simula uma infecção para ensinar o organismo a produzir
anticorpos contra o ataque do novo coronavírus, mas sem causar a doença.
Com o organismo familiarizado
com o vetor viral, é de se esperar que as reações após a segunda dose sejam
mais leves, como mostram os estudos clínicos.
“Neste primeiro contato, (a
vacina) é uma novidade muito grande para o nosso sistema imune, que vai
produzir a defesa. Na segunda dose, o organismo consegue reconhecer aquele
estímulo porque já fez a resposta primária, e a resposta secundária acontece de
uma forma mais branda”, explica a médica da SBIm.
Reações adversas
Dor, vermelhidão e inchaço no
local da aplicação, febre, calafrios, dor no corpo, sensação de doença e fadiga
são os eventos adversos mais comuns, mas nem todos os vacinados os sentem.
“São eventos esperados e que
também acontecem com as vacinas meningocócica B, tríplice bacteriana,
meningocócica conjugada, que são mais reatogênicas. Essa frequência de reação
adversa faz parte dos estudos de segurança das vacinas e eles não trazem
sequela nenhuma”, afirma Flávia.
A pediatra lembra que a
segunda dose é fundamental para garantir a completa imunização das pessoas e
não pode deixar de ser tomada. “Ainda que sejam eventos intensos e você se
sinta mal, eles passam. Pior é a doença Covid-19. O que não pode é deixar de se
proteger contra uma doença com essa potencialidade de internação, UTI (unidade
de terapia intensiva) e morte por conta de um evento adverso autolimitado,
controlável e esperado”, pontua.
“Desde que o mundo é mundo e
as vacinas existem, o evento adverso existe. Pergunte a qualquer mãe que vacina
seu bebê se ela não está preparada para ele ter as reações esperadas. Com a
Covid-19, talvez pela menor tolerância dos adultos aos eventos adversos, há uma
valorização maior”, completa.
Metrópoles