Vacina vencida não faz mal ao corpo, mas não oferece proteção; entenda

Após a polêmica das doses supostamente vencidas da vacina AstraZeneca, contra a Covid-19, fica a dúvida: elas podem fazer mal?

Uma reportagem da Folha de São Paulo trouxe que pelo menos 49 municípios de Santa Catarina teriam aplicado 653 doses vencidas da vacina AstraZeneca. As informações foram publicadas nesta sexta-feira (2), com dados que constam nos registros oficiais do Ministério da Saúde.

Mas, segundo o infectologista Martoni Moura e Silva, caso alguém tenha realmente recebido uma vacina vencida, pode ficar tranquilo. O que pode acontecer é que a dose não vai ter a eficácia sugerida pelo fabricante, ou seja, a vacina vencida não oferece proteção contra a Covid-19.

Por estar vencida, a vacina não possui nenhum componente que possa causar problemas cardiovasculares, ou alguma infecção, por exemplo, que leve a risco de morte. “O grande mal que causa é não imunizar”, diz.

O infectologista ainda sugere revacinar quem supostamente recebeu doses vencidas, para garantir a imunização. “Sugiro vacinar essas pessoas com a vacina da Janssen, por ser dose única e minimizar as perdas das doses já aplicadas equivocadamente”, explica.

“Mas para fins de efeitos adversos, possivelmente podem não apresentar nada”, afirma. Moura e Silva ainda afirma que qualquer efeito após a vacinação (febre, dor no corpo, por exemplo) “pode ser um indício de que a vacina ainda esteja ativa”.

Vacinas vencidas

Em todo o Brasil, a Folha estima que 25.935 doses vencidas foram aplicados em 1.532 municípios brasileiros. O montante faz parte de oito lotes da vacina Astrazeneca, importados ou adquiridos por consórcio e entregues de janeiro a março, ainda antes do vencimento.

Por meio deles foram entregues quase 3,9 milhões de doses, mas a maior parte foi aplicada no tempo correto. Há ainda 140 mil imunizantes que não foram utilizadas dentro do prazo de validade, detalha a Folha. As doses vencidas comprometem a imunização.

São Francisco do Sul foi o município catarinense que mais aplicou doses vencidas. Foram 142 aplicações, o que o coloca na 20ª posição do ranking nacional. Tubarão foi o segundo, com 104 doses (30º no país), seguindo por Camboriú (59 doses, 65º).

Investigação

Para aferir a aplicação de doses fora da validade, a reportagem cruzou dados de duas bases do governo, o DataSUS e Sage (Sala de Apoio à Gestão Estratégica). O primeiro identifica as pessoas imunizadas por meio códigos, detalhando a idade e o grupo prioritário, assim como a data da imunização e o lote da vacina recebida.

Já o segundo é referente aos imunizantes recebidos no Brasil. O Sage conta com os comprovantes de entrega das vacinas em cada Estado. O sistema possibilita saber o número do lote, a data de validade, o fabricante e quando ocorreu a entrega aos Estados.

Lotes e orientações

Os seguintes lotes, mostrados na imagem abaixo, constam com vacinas aplicadas fora da data de validade. Para conferir se foi tomada algum dos lotes citados fora do prazo de vencimento (segunda coluna), é necessário verificar a carteira individual de vacinação.

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