Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal |
O cirurgião-dentista Lula
Teixeira, de 48 anos, que é irmão do pediatra Júlio César de Queiroz Teixeira,
de 44 anos, morto dentro da clínica particular onde trabalhava na cidade de
Barra, no oeste da Bahia, contou ao g1 que existe a suspeita de que o crime
teria sido cometido após um alerta que o pediatra deu para uma família sobre
uma criança atendida por ele, e mostrou alguns sinais de abuso sexual.
"Apareceram muitas
conversas aqui que estão investigando para realmente saber o que aconteceu.
Teve essa conversa de que a criança chegou molestada e ele falou que tinha que
ir para Irecê [cidade no centro-norte da Bahia], que Irecê que tinha o
departamento para investigar, ver direito, né? Mas isso tem um tempo, porque
ele como médico tem por obrigação ver uma questão dessa e alertar a mãe e o
pessoal para procurar a polícia", disse Lula Teixeira.
Apesar da declaração do
irmão do pediatra, nenhuma linha de investigação foi divulgada pela polícia,
que investiga o caso e busca os suspeitos.
Em entrevista ao g1 nesta
sexta-feira (24), Lula Teixeira ainda disse que a cunhada dele trabalha como
enfermeira, sempre participava dos atendimentos de Júlio César, e que
presenciou o crime, que aconteceu na cidade de Barra.
"A esposa trabalhava
com ele, era enfermeira, estava sempre com ele. Nós estamos sem chão. Ele tinha
dois filhos de 8 e 5 anos", disse o irmão do pediatra.
De acordo com Lula Teixeira,
o crime aconteceu no segundo atendimento que Júlio César fez no dia. Além da
esposa do pediatra, dois funcionários e uma criança, que estava acompanhada,
presenciaram o assassinato.
O enterro de Júlio César foi
na manhã desta sexta-feira, no Cemitério de Xique-Xique, cidade onde ele nasceu
e morava.
Apesar da suspeita da
família do crime ter sido cometido por vingança, o irmão do médico contou que
não entende o motivo, já que ele era conhecido pela boa relação com todos.
"Era um cara
maravilhoso, uma pessoa do bem, grande médico, grande profissional, grande
amigo, grande pai de família, grande irmão. Um cara que não tem como falar o
que levou alguém a matar ele dessa forma bárbara", disse Lula Teixeira.
Júlio César era o mais novo
de três irmãos. Ele nasceu em Xique-Xique, no norte da Bahia, estudou em
Salvador e se formou em medicina, na cidade de Maceió, em Alagoas.
O pediatra atendia em pelo
menos cinco cidades da região, além da capital baiana.
"Os colegas todos estão
sem acreditar, sem saber o porque, estão aparecendo muitas conversas, mas a
polícia está investigando para saber o que aconteceu".
Além de Barra, Júlio César
trabalhava nas cidades de Xique-Xique, Gentio do Ouro, Morro do Chapéu e em
Salvador, onde era funcionário do Hospital Roberto Santos.
"Era um cara que vivia
para trabalhar, muito correto, direito, não se envolvia com malandragens, não
era um homem de exageros. Um cara sempre responsável", contou Lula
Teixeira.
Buscas
pelo assassino
Sem pistas sobre o autor do
crime, que estava com um capacete na hora do assassinato, a família pede para
que as pessoas que viram o vídeo e tenham identificado o autor procurem a
polícia.
"Ele sempre foi um cara
longe de desavenças, de confusões, sempre foi unanimidade na cidade, sempre foi
um cara solícito, um profissional, um cidadão que sempre se deu bem",
afirmou o irmão da vítima.
“A resolução disso aí é um
compromisso da sociedade com as pessoas de bem, em um mundo que a gente vive
com tanta violência, tanta falta de amor, banalização da vida, esse cara
destruiu uma família”.
Conhecido
pela generosidade
Segundo a amiga de infância
de Júlio César, Carla Valéria, o pediatra era muito conhecido na região de
Xique-Xique pela generosidade e cuidado com os pacientes. Entre a família e
amigos, ele era chamado carinhosamente de "Bodinho".
"Nós estudamos no
fundamental juntos e ele se tornou o pediatra das minhas duas sobrinhas. A
gente tinha uma relação de amizade, precisava muito da contribuição dele e ele
dava", disse a amiga da vítima.
Carla Valéria é coordenadora
pedagógica de um instituto educacional de Xique-xique. Os dois se conheceram no
Colégio Osmar Guedes, onde estudaram quando crianças.
"Estudamos juntos no
ensino fundamental e mantivemos esse vínculo até a sua atuação como pediatra.
Júlio Cesar era carinhosamente chamado de Bodinho pela família, pelos amigos,
sempre foi uma pessoa atenciosa e muito gentil", se recordou.
"Quando ele passou a
cuidar das minhas sobrinhas, eu tive a oportunidade conhecer ainda mais o homem
que ele se tornou. Uma pessoa admirável e que não era só comigo, um conceito
que foi criado dele, na cidade".
De acordo com a amiga de
infância, a morte de Júlio César causou bastante comoção em Xique-Xique.
"A cidade está
totalmente em comoção e as ruas foram tomadas em lágrimas. Eu não estou lá, mas
minha mãe me contou que houve homenagens, uma coisa linda, porque nós perdemos
um excelente profissional, um amigo leal".
Carla Valéria também espera
que o crime seja elucidado pela polícia.
"Está sendo muito
difícil para todo mundo, uma ausência insuportável e a forma como ele foi que
nos choca. Foi muito cruel, ele é raro, é uma das melhores pessoas que eu já
conheci na minha vida. Muito cruel", disse, emocionada.
Fonte: G1