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Um vulcão nas Ilhas Canárias, no litoral da África,
entrou em estado de alerta para uma possível erupção e está preocupando os
oceanógrafos aqui no Brasil. Isso porque, de acordo com os especialistas, uma
erupção explosiva do Cumbre Vieja poderia provocar um tsunami que atingiria
todo o Brasil, afetando principalmente a costa do Nordeste.
A possibilidade ainda é considerada remota, porém real e
digna de atenção. Existem quatro níveis de alerta para uma erupção vulcânica, e
o Cumbre Vieja ainda está no 2. Nele, a população é orientada para que fique
atenta e vigilante ao monitoramento da atividade vulcânica e sísmica.
O terceiro é um "alerta máximo" de uma erupção
iminente. Já o quarto é quando o evento já está em andamento.
A alteração de nível do Cumbre Vieja ocorreu pela
detecção de aumento significativo nos movimentos sísmicos desde sábado (11). As
atividades tectônicas, que seguem ocorrendo ao longo desta semana, são um
indicativo da proximidade de uma erupção.
Além disso, a profundidade dos epicêntros dos tremores
diminuiu, de acordo com o Plano Especial de Proteção Civil e Atenção às
Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca). Eles ocorrem,
geralmente, a 30km de profundidade. No entanto, só nesta quinta-feira (14),
foram mais de 100 tremores com profundidades que chegam a apenas 1km.
Um comunicado enviado pela Pevolca na manhã de hoje
destaca que o processo é contínuo e pode ter uma rápida evolução a curto prazo.
Tremores ainda mais fortes são esperados para as próximas horas.
Olha
a onda
Ocorrendo uma erupçao explosiva, a onda de choque
provocaria a formação de tsunamis que atingiriam todo o Atlântico, dos Estados
Unidos ao sul do Brasil. As áreas mais atingidas seriam o Caribe, Golfo do
México e Nordeste brasileiro, que experimentaria ondas de até cinco metros de
altura.
Esse vulcão é considerado a chance mais real do Brasil
ser atingido por um tsunami, explica o oceanógrafo Carlos Teixeira, professor
da Universidade do Ceará (UFC).
"Após a erupção, as ondas chegariam ao litoral
brasileiro em apenas seis horas. Por isso, a preparação para um tsunami precisa
ser feita com bastante antecedência para dar tempo de evacuar toda a população.
Se não, o banhista vai estar no Porto da Barra e será surpreendido pela onda
gigante", explica o professor.
Uma onda de 5 metros, por exemplo, seria capaz de alagar
e destruir basicamente toda a Cidade Baixa. O Mercado Modelo ficaria quase
submerso e apenas as áreas da Cidade Alta ou de morros, como Brotas, passariam
ilesas.
Carlos explica que o tsunami não funciona como uma onda
comum de 5 metros. Antes de chegar à costa, o mar recua. Depois, a onda gigante
chega, com força, destruindo tudo pela frente.
"No caso das ondas de praia, elas têm um comprimento
de 200 metros, em média, e ocorrem em intervalos de 10 segundos. No caso do
tsunami, o intervalo entre as ondas é de quilômetros, com isso a força é muito
maior. Por isso, até um tsunami de meio metro já seria o bastante para destruir
boa parte do Porto da Barra, por exemplo", detalha o especialista.
"Por isso a necessidade da elaboração de um plano de
evacuação para eventos deste tipo. A ocorrência de tsunamis é improvável, mas
não impossível no Brasil. Por não termos uma preparação adequada, um evento
desta natureza poderia ser catastrófico", alerta Carlos Teixeira.
Fonte: Correio