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A transação é uma espécie de ação entre amigos, já que
tanto o Assaí quanto o GPA são controlados pelo gigante francês Casino. Porém,
por ser muito mais lucrativa do que o restante do grupo, a operação do
atacarejo foi desmembrada do GPA, ao qual pertencia. Isso ocorreu justamente
para evitar que o Assaí fosse “contaminado” pelas operações pouco lucrativas do
conglomerado – sendo a do hipermercado Extra uma das mais desafiadoras.
Com a emergência do atacarejo – segmento que tem como
líder o Atacadão, que pertence ao Carrefour Brasil -, analistas de varejo têm
há alguns anos apontado que o formato de hipermercado perdeu ímpeto. O próprio
presidente do GPA, Jorge Faiçal, afirmou nesta quinta-feira, 14, que o
“atacarejo tem se transformado no novo hipermercado do brasileiro”. Em 2018, o
Walmart – consagrado no exterior por suas grandes lojas – deixou o País diante
de resultados ruins com seus hipermercados.
Em comunicado, Faiçal disse que a transação representa
uma oportunidade de intensificar o foco dos negócios do conglomerado nos
segmentos premium, com as bandeiras Pão de Açúcar, Minuto e Mercado Extra. Já
Belmiro Gomes, do Assaí, argumentou que a operação irá acelerar a expansão do
formato de atacarejo. Segundo ele, as bandeiras têm hoje baixa sobreposição de
lojas.
O Assaí vai ganhar cerca de 450 mil metros quadrados de
área de vendas que estão localizadas em capitais ou regiões metropolitanas. A
expectativa é de que as lojas, que têm hoje cerca de R$ 8,9 bilhões de
faturamento anual, passem a R$ 25 bilhões depois da conversão para Assaí. Com a
compra e a expansão orgânica, Gomes espera chegar a R$ 100 bilhões de
faturamento no fim de 2024.
Lojas
do Extra devem passar para o Assaí em janeiro
A localização das lojas é um ponto alto, disse Gomes.
“Embora o mercado de atacarejo tenha avançado muito nos últimos anos, o mercado
imobiliário estava aquecido. A maior parte das lojas de ‘cash & carry’
(atacarejos) não está em regiões centrais pela falta de disponibilidade de
terrenos grandes”, diz.
Outra vantagem de comprar os ativos do mesmo controlador
é que a transação não passa pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade). As lojas devem passar ao Assaí em janeiro de 2022.
Atacarejo
foi considerada a melhor opção
O presidente do GPA, Jorge Faiçal, afirmou que o
amadurecimento da operação que resultou na conversão dos hipermercados Extra em
lojas do Assaí ocorreu no Brasil. As conversas foram tocadas por Faiçal com
Belmiro Gomes, líder do Assaí. O executivo disse que, depois de conversar com
algumas redes regionais visando a operação, ficou claro que o atacarejo era a
melhor opção.
Faiçal também afirmou que a operação foi feita diante da
constatação de que o Extra estava em uma “posição pouco privilegiada para fazer
o turnaround (recuperação)” de seus negócios. Em relação ao futuro do GPA – que
é dono da bandeira Pão de Açúcar -, o executivo também ressaltou que não há
mais perspectivas de desinvestimentos.
Estadão