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As eleições de 2022 já estão no radar dos membros da
política no Brasil, com dois pré-candidatos atualmente disputando as intenções
de voto: Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT) lideram praticamente todas as
pesquisas até aqui. Mas um nome pretende chegar para dispersar os votos dos
eleitores críticos tanto a um quanto ao outro candidato. O ex-ministro Sérgio Moro
registrou sua filiação ao Podemos na manhã desta quarta-feira (10), no
auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, já visando
entrar para a disputa presidencial do ano que vem, se apresentando como o que a
imprensa tem nomeado de “terceira via”.
Moro apoiou Bolsonaro em 2018 e chegou ao cargo de
Ministro da Justiça e Segurança Pública entre janeiro de 2019 e abril de 2020,
quando seu relacionamento com o presidente enfraqueceu. Na ocasião, Bolsonaro
havia exonerado o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Leite
Valeixo, o que segundo o ex-ministro, era um indício de intervenção na
autonomia da PF.
Estiveram no ato da filiação de Moro os principais
líderes do partido. Ex-candidato a chefe do Executivo nas últimas eleições, e
líder do Podemos no Senado Federal, o senador Álvaro Dias (PR) comentou sobre a
chegada de Sérgio Moro à sigla. “É preciso refundar a república. Isso passa
pela substituição de um sistema corrupto, que estabelece uma relação promíscua
entre os poderes e que tem as realidades contrastantes entre as classes sociais
mais pobres. E estamos aqui para convocar a liderança jovem, que lutou contra a
corrupção e queremos que seja presidente deste país”, discursou.
O senador ainda confirmou que o novo filiado pretende
institucionalizar a Lava Jato, de modo que se torne um instrumento de controle
e investigação contra corruptos. “É preciso estabelecer um caminho do meio. Sem
extremismos para a direita ou para a esquerda. E com Moro, vemos esse caminho
ser possível”, concluiu.
Ainda sem uma formação clara de chapa presidencial, com
nomes e estratégias traçadas, Moro disse que se sente preparado para disputar o
cargo no ano que vem. “Mesmo com o aumento do Auxílio Brasil, que representa um
bom plano para o país, vêm junto jabutis como o calote a pagamentos de dívidas.
Com tudo isso, as pessoas passam a acreditar que não há governo, ou futuro. Que
estamos sozinhos, e que tudo é inútil.”, ressaltou durante seu discurso,
colocando-se contra a PEC 23/2021, aprovada ontem em segundo turno pela Câmara
dos Deputados.
Outros nomes da sigla também estiveram presentes para
saudar a chegada do ex-juiz federal. A presidente nacional do partido, deputada
Renata Abreu (SP) disse que se sentia honrada em receber Moro como novo membro.
“Independentemente da ideologia, todos aqui têm um mesmo motivo, uma mesma
ambição: fazer um Brasil melhor para os nossos filhos. Não adianta mais
acreditar no populismo barato, ou votar no candidato mais carismático”,
salientou a deputada.
DISCURSO
RECHEADO DE PROPOSTAS
Moro trouxe consigo, um discurso acalorado e abordando
propostas para diversos setores da sociedade. Além de ressaltar a importância
do combate à corrupção, o pré-candidato também falou em criar uma força tarefa
para a erradicação da pobreza no país. “Nem é preciso destruir a
responsabilidade fiscal e o teto de gastos para fazê-lo. Este é o maior desafio
da nossa geração”, argumentou.
Também em favor da Educação como pasta prioritária em
seus projetos para 2022, o ex-ministro acredita na possibilidade de equiparar a
qualidade do ensino em escolas públicas e privadas. “Precisamos mais do que
programas de transferência de renda, como o Bolsa Família ou o Auxílio Brasil.
Precisamos identificar o que cada pessoa precisa para sair dessas condições.
Sejam com mais vagas de ensino ou oportunidades de trabalho”, completou.
Durante o discurso, Moro elencou diversas propostas
referentes à ordem pública. Contra o foro privilegiado e a reeleição para
cargos do Executivo, e em favor do reestabelecimento de um plano de ação em
combate à corrupção, o pré-candidato foi aplaudido pelo público que esteve
presente no local.
Por fim, Moro se colocou à disposição para assumir a
liderança do plano presidencial com o seguinte discurso: “Este não é um projeto
de um partido. É um projeto de um país aberto a todas as demandas de todo
cidadão e cidadã brasileiros. Chegou a hora de reconstruirmos juntos um Brasil
melhor, não apenas o combate à corrupção. Neste projeto, não haverá espaço para
o medo, muito menos para a timidez”.
SOBRE
SÉRGIO MORO
Nascido na cidade de Maringá, interior do Paraná, Sérgio
Fernando Moro foi o juiz federal responsável pelo julgamento em primeira
instância dos indiciados na Operação Lava Jato, organizada pela Polícia Federal
a pedido do Ministério Público Federal, e que deflagrou o maior escândalo de
corrupção e lavagem de dinheiro já apurado no país. Entre 2014 e 2018, Moro
recebeu os holofotes da mídia pelo modo como conduziu os julgamentos,
angariando alguns críticos, ao mesmo tempo que se tornou símbolo de luta contra
a corrupção para a maioria dos brasileiros.
Em 2017, ainda, foi o juiz responsável por sentenciar o
ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva por um esquema de lavagem
de dinheiro na compra de um sítio na cidade de Atibaia, interior de São Paulo.
Apesar da condenação em primeira instância, o Supremo Tribunal Federal decidiu
anular a condenação de Lula e o ex-presidente voltou a se tornar elegível após
cumprir quatro anos da pena aplicada pelo juiz.
No fim de 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro, Moro
encerrou o período de 22 anos de magistratura, sendo indicado ao Ministério da
Justiça e Cidadania. Na pasta, foi responsável pelo “pacote anticrime”,
promessa de campanha do presidente. Em vigor desde 2020, o pacote alterou o
código penal e processual penal, estabelecendo aumento da pena máxima de 30
para 40 anos de prisão, entre outras medidas.
Com a expectativa da confirmação quanto à corrida
presidencial por parte do novo filiado do partido, Moro ainda faz suspense a
respeito da intenção de concorrer ao cargo. “Eu nunca vou abandonar o Brasil.
Tenho certeza de que não estou sozinho, não tenho medo de ser Davi contra
Golias”, contou aos presentes no evento.
Fonte: Bahia Notícias