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O número de casos de gripe registrados em Salvador saltou
de 170 para 238, em três dias. Desse total, 209 ocorrências foram confirmadas
para o subtipo H3N2, que já provocou duas mortes na cidade. As informações
sofram confirmadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no início da tarde
desta terça-feira (21).
A capital baiana enfrenta um surto de Influenza desde a
semana passada. Conforme SMS, a maioria dos acometidos pelo vírus H3N2 têm
entre 20 a 49 anos de idade – 97 pessoas com diagnósticos confirmados estão
nessa faixa de idade.
De acordo com Adielma Nizarala, médica infectologista, a
manutenção das medidas sanitárias adotadas para prevenção do coronavírus, como
distanciamento, uso de máscaras e higiene das mãos, também é eficaz para
proteger contra a influenza.
"Os sintomas desse subtipo de vírus são semelhantes
aos das outras síndromes gripais clássicas como febre alta, inflamação da
garganta, dores no corpo, coriza e tosse persistente. Em alguns casos, a doença
pode evoluir para um quadro mais grave com necessidade de cuidados hospitalares
mais intensivos”, afirmou a infectologista.
Na manhã desta terça, o secretário da Saúde de Salvador,
Léo Prates, disse que a cidade vive o pior momento no sistema público de saúde,
desde antes do início da pandemia. Segundo ele, além do surto de gripe, que tem
causado grande fluxo nos gripários e Unidades Básicas de Saúde (UBS), pelo
menos 45 pacientes com outras doenças aguardam regulação de postos para
hospitais.
“Este é o pior momento do sistema de saúde nos meus dois
anos e meio [de gestão]. Nós amanhecemos hoje com 45 pacientes que a gente tem
chamado de ‘pacientes não-covid’, ou seja, que têm outras doenças,
especialmente AVC, câncer e infarto", detalha.
Conforme Prates, o maior número de pessoas em fila para
transferência de unidades básicas para hospitais, nos últimos dois anos e meio,
foi de 33 pacientes.
“São pacientes que não são diretamente ligados à
pandemia, mas são sequelas da pandemia. E isso é um efeito cascata: os
hospitais começam a ficar cheios, depois o tempo de regulação começa a aumentar
e as UPAs ficarem cheias, depois você sobrecarrega a atenção primária e o
sistema de saúde entra em colapso. A grosso modo, é assim que acontece".
“Ainda tem um segundo problema que nos aflige e começa a
nos preocupar: a rede privada de saúde tem muito mais dificuldade de ampliação
do que nós, do [sistema] público. Fora o Hospital Materdei, que ainda está
sendo construído, nós não temos hospitais privados novos na cidade. Se os mais
ricos tiverem problema na rede privada, nós vamos ter que suportar na rede
pública".
"Realmente voltamos ao auge da nossa aflição no
sistema público de Saúde em Salvador, e não é com o Coronavírus”.
As declarações do secretário da Saúde foram dadas depois
que as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Salvador registraram longas
filas por causa do surto de gripe na cidade. Em alguns postos, pacientes
relataram espera de mais de 17 horas para atendimento.
Léo Prates reforçou que a prefeitura pretende abrir mais
um gripário ainda essa semana e outra unidade básica em janeiro, para reforçar
a atenção primária. Além disso, revelou que está sendo avaliada a remobilização
de leitos no Hospital Sagrada Família.
Vacina
contra gripe
O secretário comentou também a procura das pessoas às
unidades de saúde para aplicação da vacina contra a gripe H3N2. De acordo com
Léo Prates, houve uma procura maior do que o comum, porém ainda abaixo do que o
sistema público oferece.
“A gente teve uma procura acima do que estava tendo, mas
ainda é aquém da capacidade do nosso sistema. Nós vacinamos na sexta-feira de
gripe e foi um sucesso avassalador: 74 mil pessoas em um único dia com o mesmo
sistema de vacinação. Ontem [segunda-feira] vacinamos cerca de 23 mil pessoas.
Mesmo assim, a procura ainda está baixa", disse.
Prates comentou que a prefeitura solicitou 300 mil novas
doses de vacina ao Ministério da Saúde e fez um apelo à população. “Estou
fazendo um apelo, quase implorando as pessoas, vamos evitar as doenças que a
gente pode evitar", comentou.
O secretário salientou também que, caso o cidadão tenha
tomado a vacina contra a Covid-19, não há impedimento para que receba também
contra a gripe, já que o interstício intervalo entre a aplicação das duas
doses.
"A pessoa que tomou a vacina da gripe pode tomar a
vacina da Covid em qualquer tempo. Quanto a questão da pessoa estar com
sintomas, o ideal é que ela aguarde os sintomas passarem porque o sistema
imunológico dela está sob ataque. Então o ideal é a pessoa que está com sintoma
aguardar os sintomas passarem", explicou.
Fonte: g1 Bahia