Foto: Reprodução/TNH1 |
Um jovem negro de 23 anos foi espancando após ser acusado
por um homem e uma mulher brancos de roubar um carro no município de Açailândia
(MA). Entretanto, o veículo era de propriedade da vítima agredida, que agora
cobra justiça pela violência sofrida.
A reportagem obteve imagens que comprovam as agressões,
ocorridas no último sábado (18), por volta das 6h30. A Polícia Civil do
Maranhão informa que o caso está sendo investigado pelo 1° Distrito Policial de
Açailândia e reforça que as partes envolvidas serão ouvidas —a corporação não
divulgou os nomes dos agressores.
A vítima é Gabriel da Silva Nascimento, que trabalha como
recepcionista de uma agência da Caixa na cidade. Ele conta que, no dia da
agressão, tinha descido do condomínio onde mora para vistoriar o carro, já que
faria uma viagem para encontrar colegas para uma confraternização no município
de Governador Edison Lobão.
"Foi então que fui surpreendido pelo casal. Eles me
perguntaram o que eu estava fazendo, já em um tom intimidador. Eu, já com as
mãos levantadas, falo que estou observando o carro para sair. Me identifiquei
que morava ali, que era inquilino e que o carro era meu, e a chave estava na
ignição. Mas eles começaram a me agredir fortemente", disse Gabriel.
Segundo a vítima, a mulher mora no mesmo condomínio que
ele.
O vídeo mostra Gabriel sendo abordado pela dupla. Logo
após se afastar com as mãos para cima, ele é segurado e leva uma rasteira do
homem. Em seguida, o agressor chuta e pisa na vítima.
Um segundo vídeo mostra que o agressor coloca o pé sobre
o pescoço de Gabriel. "A mulher pediu para que ele me segurasse até a polícia
chegar. Naquele momento senti que iria morrer", conta, citando que só foi
salvo após um vizinho intervir.
"Ele apareceu e perguntou o que estava ocorrendo. Aí
ele chamou a mulher e disse que eu era inquilino e o carro era meu",
lembra.
Em um áudio supostamente gravado pelo agressor, ele
conta, aos risos, que pensou se tratar de um ladrão de carro —ele diz que eram
6h30 e que a vítima estava com uma chave de fenda na mão.
"O que quero é justiça. É revoltante uma situação
dessas. Isso ocorreu só por acharem que um negro franzino, como eu, não pode
ter um carro. Isso não pode ocorrer mais com as pessoas. Isso é racismo, é
crime", afirmou a vítima.
O
caso revoltou colegas e amigos de Gabriel.
"Ele trabalha aqui na Caixa com a gente há quase 3
anos. Está contratado como recepcionista, faz a triagem e direciona os
clientes. Ele começou ainda como estagiário bolsista, é uma pessoa muito
tranquila. Todo mundo gosta dele, e ninguém entendeu a forma como ele foi
tratado", conta Francisco Souza, que é funcionário concursado da Caixa e
delegado sindical de Açailândia.
Advogado da vítima, Marlon Reis disse à reportagem que
vai defender o jovem para qualificar o caso como injúria racial.
"Em primeiro lugar nós vamos lutar para que o caso
seja enquadrado como injúria racial, e não como simples injúria. Ele foi vítima
de injúria racial e de graves lesões físicas. Na verdade, até atentaram contra
a vida dele porque tentaram asfixiá-lo com os pés e com o braço, como dá para
ver nos vídeos", diz.
O jovem também está sendo apoiado pelo Centro de Defesa
da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, que organiza —junto com outras
entidades locais, como o sindicato dos bancários do Maranhão— um ato em apoio
ao jovem. "Nossa intenção é dar visibilidade e produzir justiça", diz
convocação do ato.
Fonte: Bahia Notícias