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Em meio às tensões envolvendo temores de uma invasão da
Ucrânia pela Rússia, o governo dos Estados Unidos tem intercedido junto ao
brasileiro para que seja cancelada a viagem do presidente Jair Bolsonaro a
Moscou programada para meados deste mês, segundo noticiaram veículos da
imprensa brasileira.
De acordo com o jornal O Globo, representantes da Casa
Branca argumentaram que o momento não é adequado para o encontro entre
Bolsonaro e o presidente russo, Vladimir Putin, pois poderia ser interpretado
como a tomada de um lado na crise Rússia-Ucrânia pelo Brasil.
Ao jornal, uma fonte do governo brasileiro afirmou que
essa não será a mensagem da visita. “Desejamos o entendimento diplomático entre
Rússia e Ucrânia, dois países com os quais temos ótimas relações”, disse.
De acordo apuração da Folha de S.Paulo e do Poder360, o
secretário de Estado americano, Antony Blinken, manifestou preocupações quanto
a essa possível mensagem simbólica da visita de Bolsonaro em conversa telefônica
com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Carlos França, no último
domingo, que informou a Blinken que a viagem de Bolsonaro está mantida e que o
Brasil segue a favor de solução diplomática duradoura para as tensões.
Em 10 de janeiro – dias depois de o Brasil assumir uma
vaga rotativa no Conselho de Segurança da ONU, com mandato de dois anos -,
Blinken havia pedido ao governo Bolsonaro uma reposta “forte e unida” contra as
“novas agressões da Rússia” à Ucrânia.
No telefonema deste domingo, além de manifestar apreensão
em relação à ida de Bolsonaro a Moscou, Blinken teria pedido que o Brasil
votasse nesta segunda a favor da realização de uma reunião no Conselho de
Segurança da ONU sobre a situação da Ucrânia – o que o Brasil acabou fazendo.
Na reunião, Ronaldo Costa Filho, embaixador do Brasil na
ONU, tentou manter uma posição neutra e apelou ao diálogo entre as partes
envolvidas nas atuais tensões em torno da Ucrânia.
“A proibição do uso da força e a resolução pacífica de
disputas e o princípio de soberania e integridade territorial e a proteção de
direitos humanos são pilares do nosso sistema coletivo de segurança”, afirmou.
À Folha, a embaixada americana em Brasília afirmou que
“EUA, Brasil e outras nações democráticas têm a responsabilidade de defender os
princípios democráticos e proteger a ordem baseada em regras, além de reforçar
essa mensagem à Rússia em toda oportunidade”.
A
viagem de Bolsonaro
Bolsonaro confirmou na última quinta-feira sua viagem a
Moscou. Segundo o Palácio do Planalto, a data ainda não está definida, mas a
previsão é que o presidente embarque para a Rússia por volta do dia 12 de
fevereiro.
De acordo com Bolsonaro, o convite para o encontro veio
de Putin, e o objetivo é estreitar os laços e melhorar as relações comerciais
entre os dois países. Questionado por um apoiador se o líder russo seria
conservador e “gente da gente”, Bolsonaro respondeu que ele “é conservador,
sim”.
A viagem à Rússia deverá ser seguida de uma visita à
Hungria, onde Bolsonaro deverá se encontrar com o primeiro-ministro Viktor
Orbán, de ultradireita. Nesta terça-feira, Orbán se reunirá com Putin.
A
crise Rússia-Ucrânia
Os Estados Unidos e a Otan afirmam que cerca de 100 mil
soldados russos estão estacionados junto à fronteira com a Ucrânia, o que gerou
temores de uma invasão por Moscou. O Kremlin nega estar planejando uma
investida contra o país vizinho e acusa o Ocidente de criar uma “histeria”.
O governo do presidente americano, Joe Biden, e países
aliados vêm tentando evitar a temida invasão por meio da diplomacia e ameaçaram
impor sanções econômicas à Rússia, inclusive diretamente contra Putin.
Apesar das negociações em andamento, Rússia e EUA não
conseguiram chegar a nenhum acordo nas últimas semanas para aliviar as tensões.
Embora Moscou afirme que não tenha planos de invadir a
Ucrânia, exige que a Otan prometa que não vai permitir a adesão de Kiev à
Aliança Atlântica e que reduza sua presença militar na Europa Oriental. Tanto a
Casa Branca quanto a Otan recusaram os pedidos, chamando as exigências de
“impossíveis”.
Nesta terça-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris
Johnson, deve viajar para Kiev para conversar com o presidente ucraniano,
Volodimir Zelenski, que acusa o Ocidente de criar “pânico” e prejudicar a
economia de seu país com conversas sobre guerra.
Deutsche Welle