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No domingo (18/12), a seleção da Argentina consagrou-se tricampeã mundial de futebol após partida emocionante contra a França. No entanto, não foram só os hermanos que entraram para a história. O brasiliense Victor Hartmann tornou-se a primeira pessoa a assistir a todos os jogos da Copa do Mundo de dentro dos estádios — até mesmo nas partidas que ocorriam em horário simultâneo —, batendo o recorde mundial.
Após o fim da jornada intensa enfrentada para conseguir acompanhar os 64 jogos, Victor diz que a ficha não caiu ainda. "Está uma mistura de felicidade com alívio. Mas estou muito feliz de ter me proposto a fazer esse desafio que representava tanto para mim. E feliz pelas pessoas ter torcido por mim, me ajudando mandado mensagem de apoio, isso foi fundamental", avaliou.
Hartmann confessa que, apesar da euforia por ter conseguido alcançar o objetivo final, chegou a pensar em desistir algumas vezes — inclusive antes mesmo da Copa começar.
"No dia que começou a Copa, eu ainda não estava 100% decidido, só foi por volta do meio-dia que falei 'agora vai' e publiquei um vídeo nas redes sociais e aí não tinha mais volta. Durante a competição eu me perguntei 'que eu estou fazendo da minha vida'. Estava com muito cansaço, correria, me questionava como eu fui um louco de me propor fazer isso, mas agora chegando no final, eu fico muito feliz de ter concluído mesmo", contou.
Victor já está com o passaporte carimbado para a próxima edição da Copa do Mundo, em 2026, que será realizada nos Estados Unidos, México e Canadá. "Não acredito que verei todos os jogos, porque ver todos os jogos em três países diferentes fica mais complicado, mas algum outro novo desafio, eu acredito que eu vá fazer", revelou o empresário.
A aventura rumo ao recorde mundial
A aventura começou há 4 anos, ainda no mundial da Rússia. “Eu sabia que a Copa no Catar seria a primeira que poderia ter uma mínima possibilidade de poder ver todos os jogos, porque seriam em Doha ou aos arredores, muito perto. Mesmo tendo jogos simultâneos, eu queria uma forma de estar em todos”, explica o empresário.
Em dia de jogos simultâneos, ele assistiu a um tempo de uma partida e o outro de outra — em estádios diferentes.
"Eu via qual jogo era o menos interessante dos dois, para ver primeiro. Aí, assistia o primeiro tempo ou parte do primeiro tempo e depois ia voando para o próximo jogo e chegava ou no intervalo ou no começo do segundo tempo", explicou.
Para dar certo, ele antes conferia a distância entre os estádios, qual era a melhor logística, qual o melhor meio de transporte para poder conseguir se locomover e não ter nenhum problema de perder alguns dos jogos.
"Usei todos os meios de transporte possíveis: Uber, táxi, carro de aluguel, metrô, correndo, patinete... todas as formas", completou.
Em relação ao tempo de percurso entre um estádio e outro, Victor conta que tinha trajeto que chagava a durar uma hora.
"Tinha jogo que era em outra cidade. O primeiro jogo simultâneo foi exatamente o mais tenso, mais apreensivo, porque o primeiro jogo era no estádio mais longe de todos, que era o Al Bayt, em outra cidade, e a gente precisava ir para o Al Khalifa e demoramos uma hora", relembrou, afirmando que, inclusive, foi um dos maiores perrengues e momento de tensão que passou no país.
"Como a gente saiu correndo para ir para o próximo jogo, um policial falou para a gente parar, como estávamos atrasados, não paramos. Ele achou que nós 'peitamos' a autoridade dele e ele meio que travou a gente, ficamos uns 15 minutos conversando, explicando que a gente ia para outro jogo e ele não queria liberar, isso acabou atrasando a gente. Era o primeiro jogo simultâneo, estávamos no estádio mais longe, então isso acabou nos deixando muito apreensivos. Além disso, o pneu do carro furou, ainda bem que já estava perto do estádio, então deu para o carro ir bem devagar no finalzinho do trajeto e chegamos a tempo do jogo", relatou.
Victor contou que deixou para comprar muitos dos ingressos no Catar. Para essa missão, ele lançou mão de grupos de Whatsapp e Facebook, amigos que conheciam alguém que estava vendendo e até cambistas.
"E eu também consegui dois ingressos de graça: o do jogo do Catar e Senegal, um catari perguntou se eu estava sem a entrada e me deu (não sei se ele gostou do meu cocar); e o outro foi para Portugal e Marrocos, que uma amiga minha que trabalhava na Fifa conseguiu e meu deu o ingresso", contou.
Essa foi a quarta Copa do Mundo que o brasiliense acompanhou presencialmente, e para ele, foi a mais diferente, por conta da distinção cultural.
"Eu levei algumas camisas do Brasil para trocar com torcedores de outras equipes, e uma das que eu queria era do Catar. Nos outros países em que fui para a Copa, a gente trocava a camisa ali mesmo, na frente de todo mundo. Mas quando eu fui trocar com um torcedor catari, ele pediu para irmos até o banheiro, em respeito às mulheres, para não ficarmos sem camisa na frente delas. Achei isso muito interessante", relatou.
Outro fato que chamou a atenção de Victor, foram as salas de oração nos estádios: "Ficavam vários sapatos e tênis fora dessas salas e as pessoas, ou durante jogo, ou no intervalo, iam para rezar. Tinham as salas de oração masculinas e as femininas. Em alguns estádios, eles rezavam na frente de todo mundo mesmo, perto de onde vendia comida e bebida."
Argentina tricampeã do mundo
Assim como para muitos apreciadores de futebol, para Victor, o jogo da final entre Argentina e França foi o melhor de todos os tempos.
"Foi espetacular. A melhor final de todos os tempos, melhor jogo da história da Copa do Mundo, um privilégio estar no estádio. Todo mundo que estava lá, estava sem acreditar no que estava acontecendo", contou.
No entanto, Victor revela que a torcida dele era pela França. "Eu não consigo torcer para a Argentina, mas foi uma final tão espetacular que eu não achei nem um pouco ruim a Argentina ganhar porque qualquer um dos dois ali ia merecer muito. E ver a história sendo contada ali na frente dos seus olhos é uma satisfação imensa. E além disso, ver o melhor do mundo que eu já vi jogar levantando a taça, apesar de ser argentino, valeu muito a pena."
Por Correio Braziliense